Eduardo Cunha volta a apontar perseguição por parte do governo federal.| Foto: Ueslei Marcelino/Reuters

Em reuniões e consultas por telefone na noite de quarta-feira (19) com aliados da base e oposição, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), redigiu uma nota que deverá divulgar após o anúncio do procurador-geral Rodrigo Janot, no qual denunciará o parlamentar ao Supremo Tribunal Federal (STF) por corrupção e lavagem de dinheiro. Cunha decidiu não sair atirando ontem porque quer esperar para ver o conteúdo do despacho de Janot, mas na nota rabiscada a muitas mãos, ele levanta a suspeita de um possível ‘acordão’, por deixar de fora senadores petistas envolvidos no esquema de desvios da Petrobras.

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Nas conversas que originaram a nota, Cunha questionou principalmente o fato de o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL) ficar de fora das denúncias. Com os aliados, argumentou que a situação de Renan é a mesma que a sua, porque também é acusado de receber propina através do deputado Aníbal Gomes, mas não tem provas de onde está o dinheiro.

“Se os petistas e Renan não entrarem nas denúncias, vai ficar claro que houve um acordão para me enfraquecer. É muito estranho esse direcionamento pra mim, nessa primeira leva de denúncias. E Janot vai começar a ser questionado, porque depende do Senado e do governo para ter sua recondução aprovada no Senado”, disse Cunha na reunião de quarta.

Segundo deputados presentes na reunião, se comentou o fato de o Planalto estar comemorando a denúncia contra Cunha e seu enfraquecimento, esperando que , daqui para frente, frágil, ele decida recuar, negociar e recolher as armas, seguindo a estratégia de Renan.

“O cara tá com água pelo nariz vai negociar o quê? E o que o governo tem para entregar? Não contem com isso. Se vier uma denúncia só baseada em denúncias de delatores, ele vai crescer pra cima”, disse um dos aliados de Cunha.

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Das reuniões e conversas por telefone com Cunha para redigir a nota participaram o líder do PMDB, Leonardo Picciani (RJ), o líder do PSD, Rogério Rosso (DF), e os deputados Nilson Leitão (PSDB-MT), Fábio Garcia, José Carlos Aleluia (DEM-BA), Manoel Júnior (PMDB), Hildo Rocha, André Moura, Mauro Pereira.

Os líderes do Democratas, Mendonça Filho (PE); e do PSDB, Carlos Sampaio (SP), foram consultados por telefone, e aconselharam que Cunha tenha uma reação mais ponderada. Mas há outro grupo, dos chamados “pitbulls”, que defendem que ele “parta pra cima”.