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O empresário Abel Pereira negou nesta quinta-feira, em depoimento na CPI dos Sanguessugas, que tenha recebido qualquer pagamento como propina por negócios escusos e que tenha firmado parceria comercial com a família Vedoin, proprietária da empresa Planam. Abel é acusado de intermediar a liberação de verbas para a compra superfaturada de ambulâncias na gestão do ministro da Saúde Barjas Negri, no governo Fernando Henrique Cardoso. O deputado Fernando Ferro (PT-PE) apresentou n requerimento pedindo cópias dos 15 cheques que a Planam - teria dado ao empresário.

- Desconheço esses fatos, não posso entender isso - afirmou à CPI.

Abel confirmou ainda que foi procurado por Luiz Antônio Vedoin em agosto deste ano, em um shopping de São Paulo, quando este ofereceu documentos que comprometeriam o senador Aloizio Mercadante (PT-SP). Os documentos comprovariam que o senador atuou na liberação de verbas na saúde. Segundo o empresário, Vedoin queria repassar essa documentação ao PSDB. O depoente informou, no entanto, que não conhecia a cúpula do partido, nunca foi filiado ao PSDB e apenas conheceu Barjas Negri.

- Esse encontro foi totalmente inútil para o Vedoin. Não dei importância, não me interessou o que ele ofereceu.

O empresário admitiu ainda que conheceu e teve encontros com Darci Vedoin e chegou mesmo a conversar sobre uma parceria em negócios, pelo fato de ele, Pereira, ter gado em Mato Grosso. O empresário afirmou, no entanto, que essa parceria nunca se concretizou e sequer começou. Ele admitiu, no entanto, que tanto ele como Darci chegaram a conhecer as empresas de ambos.

O deputado Raul Jungmann (PPS-PE), vice-presidente da comissão, criticou Abel por ter mantido contato com os Vedoin. Para o deputado, "quando se tem contato com bandido, deve-se avisar a polícia". Abel Pereira respondeu que não sabia que os Vedoin eram bandidos e estavam envolvidos em irregularidades.

Ao ser questionado sobre a existência de 15 cheques, no total de R$ 601 mil, que supostamente serviriam para pagar o então ministro Barjas Negri, para que este liberasse verbas para compra de ambulâncias, Abel Pereira disse apenas ter conhecimento de nove, por constarem no inquérito da Polícia Federal que investiga sua participação no esquema de fraudes. Ele negou, no entanto que tenha recebido tais cheques dos Vedoin.

Durante o depoimento, Abel disse ainda que doou R$ 15 mil para a campanha de Barjas Negri. Ele informou que a doação foi feita em 28 de setembro de 2004, com todas as notas contabilizadas, documentos que foram remetidos à CPI. Disse ainda que conheceu Barjas Negri em Piracicaba, por serem conterrâneos, mas afirmou que não tinha contato nem se relacionava com Negri durante sua gestão na pasta da Saúde.

O empresário informou que é empresário em Piracicaba (SP) e atua no ramo de terraplanagem e construção civil. É dono da Cicat, que fazia obras públicas e hoje realiza obras de empresas privadas. A Cicat, segundo Pereira, é uma empresa familiar.

A senadora Ideli Salvatti (PT-SC) disse que a empresa de Abel não teve concorrentes em processo de licitação e, por esse motivo, ganhou a construção do hospital na cidade de Jaciara (MT). O pedido para a liberação de recursos destinados à obra foi solicitado pelo empresário ao então ministro Barjas Negri.Abel Pereira justificou-se, dizendo que construiu o hospital porque sua empresa reunia condições para fazer a obra, alegando ainda que também já fazia obras naquela região, pelo fato de possuir uma fazenda no município.

CPI ouviu petistas suspeitos esta semana

Nesta semana, a CPI já ouviu Valdebran Padilha, Jorge Lorenzetti, Expedito Veloso e Osvaldo Bargas, acusados de envolvimento na compra de um dossiê contra políticos tucanos. As contradições em depoimento levaram a CPI a propor uma acareação.

Na próxima terça-feira, a CPI ouve Hamilton Lacerda, ex-coordenador de Comunicação da campanha do senador Aloizio Mercadante (PT-SP) ao governo paulista. Gedimar Passos, outro acusado de envolvimento na tentativa de um dossiê, alegou problemas de saúde para não comparecer à CPI.

Relatório final deve sair até 15 de dezembro

Biscaia (PT-RJ) disse que o relatório final da comissão deverá ser apresentado até o dia 15 de dezembro. A princípio, o deputado descartou uma prorrogação dos trabalhos da CPI para janeiro, informando que não deverá haver convocação extraordinária do Congresso nesse período.

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