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Roberto Requião, único paranaense na Comissão da Reforma Política:  para ele, lista fechada é “retrocesso democrático” | Moreira Mariz/Agência Senado
Roberto Requião, único paranaense na Comissão da Reforma Política: para ele, lista fechada é “retrocesso democrático”| Foto: Moreira Mariz/Agência Senado

Proposta popular

Veja os principais pontos do projeto da Plataforma dos Movimentos Sociais pela Reforma do Sistema Político:

Democracia direta

Iniciativa popular

Simplificação dos projetos de iniciativa popular: além de formulários impressos, as assinaturas para as propostas poderiam ser recolhidas em urnas eletrônicas e pela internet.

Campanha

Participação da sociedade no processo de organização das campanhas e nos debates entre candidatos anteriores à eleição.

Veto do povo

Criação do veto popular, que permite à população derrubar leis aprovadas pelo Legislativo.

Partidos

Ficha Limpa

Os órgãos de representação interna dos partidos só poderiam ser preenchidos por meio de votação direta e secreta e os candidatos deveriam obedecer os critérios da Lei da Ficha Limpa.

Transparência

As contas partidárias obrigatoriamente seriam publicadas mensalmente na internet.

Aliança

A política de alianças com outros partidos precisaria ser referendada por maioria simples dos filiados votantes.

Reforma eleitoral

Lista fechada

Adoção das listas fechadas nas eleições para vereador, deputado estadual e federal.

Sem segredo

Fim da votação secreta nos Legislativos.

Sem caixa 2

Financiamento público das campanhas eleitorais.

Imunidade

Fim da imunidade parlamentar. Fim da prerrogativa de foro (exceto para casos de irregularidades que se referem ao mandato).

Renúncia

Proibição de que parlamentares assumam cargo no Poder Executivo ou disputem eleições exercendo mandato (em ambas as situações, eles teriam de renunciar).

Bandeira dos movimentos sociais, a adoção das listas fechadas nas eleições para vereador, deputado estadual e federal foi aprovada na semana passada pela Comissão da Reforma Política do Senado. Em uma disputa apertada, em segundo turno, ela venceu por nove votos a sete a proposta do distritão, que transforma as eleições proporcionais em majoritárias (vence quem tiver mais votos, independentemente do partido). A decisão está longe de indicar o que pensa a maioria dos congressistas.

A mudança já foi votada em plenário na Câmara dos Depu­­­tados em 2007. Ela foi rejeitada por 252 votos a 181, o que freou a discussão de outros temas da reforma política como o financiamento público de campanhas. Em janeiro de 2011, o portal de notícias G1 entrevistou 414 dos 513 deputados sobre a sugestão – 181 disseram ser contra, 175 a favor e 58 não opinaram.

O cientista político Antônio Flávio Testa, da Universidade de Brasília, afirma que não há qualquer possibilidade de a proposta ser aprovada em definitivo. "É uma utopia. Os próprios políticos não confiam nos partidos. A maioria absoluta não vai aceitar regras que compliquem a sua vida."

Em 2007, PT, DEM e PSDB selaram um acordo em favor das listas fechadas, minado por rebeliões internas de parlamentares do baixo clero que temiam perder espaço nas listas. Na época, o relator da proposta, deputado federal Ronaldo Caiado (DEM-GO), chegou a dizer que, na véspera da votação, "dormiu com o projeto aprovado e acordou com ele recusado".

De acordo com o sistema de listas fechadas, o eleitor vota apenas no partido, que apresenta uma lista ordenada de candidatos. As cadeiras são distribuídas proporcionalmente de acordo com o quociente eleitoral (divisão do número de votos válidos apurados pelo número de vagas a serem preenchidas). Se após as contas o partido tem direito a cinco vagas na Câmara, assumem os cinco primeiros da lista.

Único paranaense na comissão do Senado, Roberto Requião (PMDB) votou a favor das listas fechadas, mas preferia um sistema híbrido, no qual o eleitor votaria duas vezes – no candidato e no partido. Em discurso no plenário, ele disse que a mudança pode significar um "retrocesso democrático". E argumentou no sentido contrário do que defende a Plataforma dos Mo­­vimentos Sociais pela Reforma do Sistema Político.

"Essa representação sem a individualização dos candidatos me faz pensar se seria possível uma França sem Napoleão, se a Revolução Cubana teria ocorrido sem o Che Guevara e o Fidel Castro, se a Revolução Russa de 1917 poderia ter havido sem Lênin, sem Stálin, sem Trotsky e outras conhecidas lideranças que marcaram presença na nossa história", afirmou.

Debate acaba nesta semana

A Comissão da Reforma Política no Senado vai cumprir a meta estabelecida pelo presidente da Casa, José Sarney (PMDB-AP), de acelerar o debate sobre o tema. O grupo deve encerrar na terça-feira a apreciação dos últimos cinco itens em pauta – filiação partidária e domicílio eleitoral, fidelidade partidária, financiamento de campanha, candidatura avulsa e cláusula de desempenho. Depois, deve haver um trabalho de convergência das propostas aprovadas com o que for decidido pela comissão similar funcionamento na Câmara dos Deputados – e que ainda não tem prazo para ser encerrada.

"A diferença entre as duas comissões é que na Câmara estamos fazendo um debate amplo, com a colaboração da sociedade, para depois tomar decisões. O Senado seguiu o caminho contrário", afirma o deputado paranaense Sandro Alex (PPS), titular da comissão da Câmara. Ele também reclama da confusão provocada pelo trabalho em paralelo dos dois grupos. "Tem gente que acha que só porque a comissão do Senado aprovou, virou lei, quando há ainda um caminho longo pela frente."

Além das listas fechadas, a comissão de senadores já aprovou o fim das coligações nas eleições para vereador, deputado estadual e federal, o fim da reeleição, com ampliação dos mandatos no Poder Executivo para cinco anos, e mudanças nas eleições para senador. A vaga de segundo suplente foi extinta e, além disso, foram criadas regras para restringir a escolha do primeiro suplente, como a proibição de chapas com parentes.

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