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O advogado do empresário Luiz Abi Antoun, primo do governador Beto Richa preso em Londrina, ocupou cargos no Executivo do estado e trabalha atualmente na liderança do governo na Assembleia Legislativa do Paraná (Alep). O advogado, Marcello Alvarenga Panizzi, compareceu nesta quarta-feira (18) ao Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) para acompanhar depoimento de Abi, que é acusado de fraudar licitação de R$ 1,5 milhão para o conserto de carros do governo do Paraná.

Outro preso quer ter o mesmo privilégio’ de Abi

O tratamento privilegiado dispensado ao empresário Luiz Abi Antoun, “primo” do governador Beto Richa (PSDB), preso desde segunda-feira (16), começa a provocar polêmica. Abi (que é parente distante de Richa) foi transferido na terça-feira da Penitenciário Estadual de Londrina (PEL) para o Corpo de Bombeiros, sob a alegação de que “a fragilidade do sistema” da penitenciária “colocaria em risco a segurança do preso”.

O direito de ficar preso em sala de Estado Maior é exclusivo para advogados e não é esse o caso de Abi. Portadores de diploma de curso superior têm direito a cela especial enquanto são presos provisórios (que ainda estão respondendo a processos). Na ausência de uma sala de Estado Maior em condições de receber presos, Abi foi transferido para o Corpo de Bombeiros.

Quem está pedindo “isonomia” com Abi é o advogado Maurício Carneiro, que defende o empresário Paulo Roberto Midauar. Nesta quarta-feira (18), ele protocolou no Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) e na Vara de Execuções Penais um pedido para que seu cliente recebesse o mesmo tratamento dispensado a Abi. Midauar é formado em engenharia. “Ele tem curso superior”, justificou Carneiro.

Dono de postos de combustíveis na região de Bandeirantes, Midauar foi preso em São Paulo e estava sendo trazido para Londrina no final da tarde desta quarta. O advogado negou que seu cliente tenha fugido. “Ele estava trabalhando”, afirmou.

O ex-diretor do Departamento de Transportes (Deto), órgão da Secretaria Estadual de Administração, Ernani Delicato, não se apresentou ao Gaeco. Ele é o sexto homem a ter a prisão preventiva decretada no caso das supostas irregularidades na licitação para o conserto dos carros oficiais. Delicato deixou a diretoria do Deto em fevereiro. (FS)

Panizzi disse estar licenciado do trabalho no gabinete da liderança. Mas, até esta quarta, não havia sido publicado nenhum ato confirmando exoneração ou licença dele das funções.

O deputado Luiz Cláudio Romanelli (PMDB), líder do governo na Assembleia, disse que o fato do seu funcionário advogar para o primo do governador não significa que haja relação institucional entre Abi e o governo. Mais tarde, Romanelli emitiu nota informando que Panizzi exerce a função de assessor jurídico de plenário, o que não gera incompatibilidade legal no exercício da advocacia privada. Segundo a nota, Panizzi prestou o primeiro atendimento a Luiz Abi a pedido do advogado de defesa do caso, Sérgio Botto de Lacerda – que é procurador do estado lotado na coordenadoria de recursos e ações rescisórias. No governo de Requião, Botto foi procurador-geral do estado.

O líder do governo ainda informou que os dois dias em que Panizzi prestou serviços fora da Assembleia serão descontados de seu salário. De acordo com o site da Transparência da Assembleia, Panizzi recebe salário bruto de R$ 12.083,34 – o valor líquido é de R$ 9.891,31.

“Do governo”

Em seu depoimento ao Gaeco, Abi permaneceu em silêncio. Acabou sendo o seu advogado quem deu a principal informação do dia. Questionado sobre de onde conhecia Abi, Panizzi respondeu: “do governo”. O governo tem negado que Abi tenha influência na administração. Apesar de não ter cargo formal, o primo de Beto Richa é considerado “influente”.

Silêncio

Assim como Abi, Ismael Ieger, dono da oficina Providence, e Roberto Tsuneda, sócio do empresário na KLM Brasil, também permaneceram em silêncio nos seus depoimentos desta quarta ao Gaeco. As duas empresas são investigadas por suposta participação na fraude da licitação para contratar o serviço de manutenção de veículos oficiais na região de Londrina.

Demissão do chefe da Receita é publicada após oposição dizer que Abi o indicou ao cargo

Um dia antes de o deputado Requião Filho (PMDB) acusar Luiz Abi de ter influência suficiente no governo do estado para indicar nomes para vários cargos, entre eles o de delegado da Receita Estadual em Curitiba, o Executivo exonerou o atual ocupante da vaga. Conforme Diário Oficial publicado nesta quarta-feira (18), Roberto Pizzatto foi exonerado do comando do órgão na segunda-feira (16).

Na terça-feira (17), dia seguinte à prisão de Abi, Requião usou a tribuna da Assembleia Legislativa para afirmar que o primo do governador Beto Richa (PSDB) tem um “poder enorme” no governo. Como exemplo, o vice-líder da oposição questionou se Abi não seria o “lastro político” que impedia o desmonte do suposto esquema de corrupção envolvendo auditores da Delegacia da Receita Estadual em Londrina. Ao Jornal de Londrina, o ex-secretário da Fazenda Luiz Carlos Hauly disse que a equipe técnica que montou à frente da pasta, entre 2011 e 2013, “teve que conviver com a política”.

No momento, Requião tenta coletar as 18 assinaturas necessárias para instalar na Assembleia uma CPI para investigar o caso. Por enquanto, porém, a oposição tem apenas sete apoios.

Nenhum representante da Secretaria da Fazenda foi encontrado para explicar os motivos da exoneração de Roberto Pizzatto. (ELG)

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