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Os advogados do jornalista Pimenta Neves, que está foragido, tentaram uma rendição negociada de seu cliente. Eles queriam negociar com o Tribunal de Justiça um local e hora definidos para que o jornalista se entregasse. A rendição seria feita longe da imprensa. O Tribunal de Justiça negou o pedido. Pimenta Neves teve a prisão decretada pela Justiça na quarta-feira e desde então está em local desconhecido. Ele é reú confesso de sua ex-namorada a também jornalista Sandra Gomide.

Os advogados de defesa entraram com pedido de habeas-corpus no Superior Tribunal de Justiça (STJ), que só deve apreciar o pedido na próxima semana. O STJ não receberá antes do final de semana as informações solicitadas ao Tribunal de Justiça de São Paulo. A expectativa é que Pimenta Neves continue foragido até que o STJ se pronuncie. Os advogados de defesa do jornalista afirmam que ele só se entregará caso tenha o pedido de liberdade negado pelo órgão.

A ministra Maria Thereza de Assis Moura, da Sexta Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ), quer saber os motivos que levaram a Justiça paulista a pedir a prisão do jornalista Pimenta Neves nesta quarta, quando foi apreciado o pedido de realização de um novo julgamento.

A polícia de São Paulo continua procurando o jornalista Antônio Marcos Pimenta Neves, que foi condenado pela morte de sua ex-namorada Sandra Gomide, em agosto de 2000. Segundo a Secretaria da Segurança Pública, a ordem para procurar e prender Pimenta foi transmitida a todos os 130 mil policiais do estado.

Ele teve a prisão decretada na quarta-feira pelo Tribunal de Justiça e o mandado encaminhado à Justiça. Como ainda não se entregou, é considerado fugitivo. O Supremo Tribunal de Justiça (STJ) quer saber os motivos que levaram o Tribunal de Justiça de São Paulo a decretar a prisão do jornalista.

No recurso, a defesa de Pimenta diz que o pedido de prisão do TJ causa constrangimento ilegal ao jornalista, por ser uma medida preventiva e não ter "nenhuma necessidade". A decisão do TJ foi tomada na quarta-feira, durante julgamento de recurso do Ministério Público - que pedia a prisão de Pimenta - e da apelação da defesa - que reduziu de 19 anos, 2 meses e 12 dias para 18 anos de reclusão a pena do jornalista, condenado pela morte da ex-namorada.

A residência de Pimenta Neves, na Chácara Santo Antonio, zona sul de São Paulo, está fechada. Vizinhos do jornalista disseram que ele foi visto na casa dele pela última vez na quinta-feira passada. O advogado afirmou que quer resguardar a integridade de seu cliente porque, durante o julgamento no Fórum de Ibiúna, ele e seu cliente quase foram agredidos pela população. 'Quase fomos mortos', disse.

Pimenta Neves foi condenado a 19 anos e dois meses de prisão em julgamento de júri popular realizado em Ibiúna. Apesar da condenação, saiu do Fórum em liberdade, pois obteve do Supremo Tribunal Federal (STF) o direito de ficar solto até que os recursos fossem todos julgados.

A 10ª Câmara Especial do Tribunal de Justiça de São Paulo determinou a prisão e reduziu a pena para 18 anos, por ele ser réu confesso. A decisão do TJ foi tomada durante julgamento de recurso apresentado pela defesa do jornalista, que tentava anular o julgamento de maio.

- Foi feita a justiça sete meses depois da condenação. Considero que a decisão foi tomada com bastante velocidade pelos desembargadores - diz o advogado da família de Sandra Gomide, Sergei Cobra Arbex.

Segundo ele, os advogados de Pimenta tiveram todas as oportunidades de defesa e não havia argumentos para outro julgamento. A alegação era de que uma testemunha não havia sido ouvida.

- Num crime como este, não é justo que ele fique solto. Ele executou uma pessoa - diz o advogado Sergei Cobra.

Sandra foi morta em um haras em Ibiúna, a 73 quilômetros de São Paulo. Pimenta Neves ficou preso por sete meses e depois conseguiu na Justiça o direito de aguardar o julgamento em casa.

O namoro de quatro anos de Pimenta Neves, que era diretor de redação de 'O Estado de S.Paulo', e Sandra Gomide, editora de Economia no mesmo jornal, terminou de forma trágica na tarde de um domingo, no Haras Setti, em Ibiúna. Transtornado com o rompimento do relacionamento e com a notícia de que ela estava apaixonada por outra pessoa, Pimenta Neves matou Sandra com dois tiros, um nas costas e outro na cabeça. Não houve chance de defesa.

Semanas antes, Sandra havia dito a Pimenta que queria terminar o relacionamento. Num encontro entre ambos em seu apartamento, a jornalista disse que estava apaixonada por outra pessoa. Pimenta descobriu que tratava-se de um dos proprietários do Diário Hoy, terceiro maior jornal do Equador. Sandra havia conhecido Jaime Mantilla numa viagem àquele país, onde foi fazer uma reportagem sobre a situação da companhia aérea Ecuatoriana de Aviación, do empresário Wagner Canhedo. Ela conversou com Mantilla diversas vezes e quando voltou ao Brasil passaram a trocar emails.

Pimenta ainda tentou a reconciliação, mas Sandra estava decidida a romper. Ele então passou a persegui-la. Demitiu Sandra do jornal e ligou a vários amigos para que não lhe dessem emprego. A relação, que até então havia sido classificada de carinhosa por amigos, transformou-se em agressiva. A perseguição terminou naquele domingo.

Pela manhã, Pimenta visitou os pais de Sandra, e em seguida seguiu para o Haras. Ele tinha certeza que Sandra estaria lá à tarde. Chegou em seu carro, viu a ex-namorada e correu atrás dela. Disparou pelas costas e depois deu outro tiro acima do ouvido esquerdo, à queima-roupa. Deixou o corpo de Sandra estendido no chão, manobrou seu carro e saiu. Da estrada, ligou várias vezes para o jornal. Contou o que tinha feito e queria saber se a jornalista havia morrido. No mesmo dia, confessou o crime a seu advogado, Antonio Cláudio Mariz.

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