O governador de Minas Gerais, Aécio Neves (PSDB-MG), reafirmou que não será candidato à vice-presidência da República em 2010. A posição do tucano contraria projeto de caciques da sigla que defendem o lançamento do nome do mineiro, ao lado do nome do governador de São Paulo, José Serra (PSDB), em uma chapa puro-sangue à sucessão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. "Essa possibilidade não existe", assegurou Aécio. O político mineiro antecipou que conversou no domingo (8), por telefone, com Serra e que combinaram nesta semana, ou na próxima, tratarem com maior profundidade sobre os planos do partido para a campanha presidencial de 2010.
Aécio Neves ressaltou ainda que está à disposição do PSDB até o final do ano, caso a direção da legenda defina que o seu nome é o mais indicado para concorrer ao pleito presidencial no ano que vem. O governador destacou, contudo, que se até o início de 2010 a agremiação não definir o nome tucano que concorrerá à sucessão no Palácio do Planalto, ele voltará a sua atuação política a Minas Gerais, onde deverá ser candidato ao Senado Federal. "Não é preciso estar em uma chapa para apoiar o candidato do PSDB. No quadro partidário tão plural como o brasileiro, seria uma certa prepotência um só partido achar que possa compor a chapa", comentou.
"Eu respeito as razões do governador Serra, que está em seu primeiro mandato, e tem inúmeras realizações ainda em andamento e quer se preservar do embate. Isso é legítimo da parte dele. Como certamente haverá de ser considerado como legítima também a minha estratégia, a minha movimentação. Se eu não for candidato a presidente da República, a melhor forma de ajudar o nosso candidato é estar em Minas Gerais, não compondo a chapa", destacou. Aécio fez esses comentários após participar de almoço com empresários promovido pelo grupo de Líderes Empresariais, presidido pelo empresário João Doria Jr.
O governador mineiro afirmou ainda que estará ao lado de Serra para a campanha presidencial e espera que o partido adote um postura política não só para as eleições presidenciais, como também defina um bom programa capaz de agregar forças partidárias, inclusive algumas delas que fazem hoje parte da gestão Lula, a fim de viabilizar um governo eficiente a partir de 2011. Aécio ressaltou que o PSDB deve evitar ao máximo a estratégia do governo de tornar a eleição de 2010 um pleito que compare os governos Lula e FHC, o que chamou de "armadilha plebiscitária". "Não é um jogo de vida ou morte", destacou o governador de Minas.
O tucano ponderou que o governo Lula tem acertos, especialmente os relativos à manutenção do tripé que balizou a política econômica do segundo mandato do governo FHC, composto por câmbio flutuante, sistema de metas de inflação e rigor fiscal. "Também é preciso fazer mais", cobrou Aécio. Segundo ele, a gestão Lula teve condições inéditas favoráveis para viabilizar um crescimento econômico e uma maior geração de bem-estar à população, sobretudo porque a sua administração ocorreu em um período marcado por franca expansão do PIB mundial Na palestra aos empresários, Aécio destacou que o Brasil registrou nos últimos anos um nível médio de expansão da economia inferior ao apurado por outras nações emergentes, inclusive algumas delas localizadas da América Latina.
Aécio destacou que faltou "vontade política" ao governo para implementar reformas estruturais importantes para o Brasil, sobretudo a tributária, a previdenciária e a política. Segundo o governador mineiro, tais mudanças serão essenciais para que o próximo governo federal possa ampliar o potencial de crescimento nacional, que deveria contar com maior participação do setor privado. O tucano concordou com João Dória Jr, que defendeu a privatização da Infraero em virtude da qualidade dos aeroportos do País, considerados muito ruins.
Por outro lado, o governador de Minas destacou que embora processos de alienação de empresas estatais no Brasil tenham sido bem sucedidos no passado recente, como o registrado no setor de telecomunicações, ele ponderou que empresas públicas administradas pelo Estado não são ineficientes a priori. Aécio citou o caso da Cemig, em Minas Gerais, que está colaborando, entre outras iniciativas, para levar energia elétrica a localidades do interior, bem afastadas das cidades grandes do Estado, ao mesmo tempo que apresenta resultados financeiros muito bons.
O governador de Minas Gerais permanece em São Paulo nesta segunda-feira, onde tem prevista a gravação de um programa de TV e de um jantar com empresários.