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A Aeronáutica determinou, na quinta-feira (5), a transferência de seis controladores de vôo do centro de controle de tráfego aéreo de Manaus (AM), o Cindacta-4, apontados como "lideranças negativas". Para os oficiais, a saída dos profissionais não vai sobrecarregar os demais.

Em 22 de junho, o comandante da Aeronáutica, Juniti Saito, determinou o afastamento de 14 sargentos controladores do Cindacta-1, em Brasília. Ele também disse que os monitores afastados eram "lideranças negativas".

Naquela semana, uma suposta operação-padrão dos controladores de Brasília foi o ponto de partida para uma série de atrasos e cancelamentos de vôos em todo o país. Passageiros tiveram que dormir no saguão dos aeroportos e esperar horas pelo embarque. O afastamento dos sargentos, segundo Saito, fazia parte de um pacote de emergência que tinha o objetivo de normalizar a situação dos aeroportos.

Liderança resgatada

Em depoimento à CPI do Apagão Aéreo da Câmara dos Deputados, na quinta-feira, o comandante do Cindacta-1, coronel Eduardo Raulino, disse que sua liderança foi resgatada após o afastamento de 14 controladores. Segundo ele, 15 controladores de defesa deslocados para o centro civil não foram formados até hoje por culpa dos sargentos "insurgentes". Crise aérea

A crise aérea no Brasil já dura nove meses. Nesse período, o Ministério da Defesa, a Aeronáutica, a Infraero e a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) tentam encontrar soluções para as queixas dos controladores de vôo e passageiros. As autoridades ainda não conseguiram controlar problemas como excesso de número de vôos, falta de aviões e aeroportos sobrecarregados.

As únicas medidas tomadas, por enquanto, foram o aumento no número de funcionários das aéreas para dar informações aos passageiros e o afastamento dos controladores de vôos, para evitar novos motins. Duas CPIs – uma na Câmara e outra no Senado – investigam o apagão aéreo e já chegaram à mesma conclusão: falta entrosamento entre a Aeronáutica, a Infraero e a Anac. De acordo com os parlamentares, o Ministério da Defesa não consegue coordenar esses órgãos. "Há diversos órgãos batendo cabeça. Hoje, a Anac faz uma coisa, a Infraero já faz outra completamente diferente, a Aeronáutica também não tem esse controle todo e o Ministério da Defesa não coordena nada. Então, virou uma balbúrdia generalizada e o sistema simplesmente não funciona", afirma o relator da CPI do Apagão Aéreo, senador Demóstenes Torres (DEM-GO).

De acordo com especialistas em aviação civil, o número de passageiros sobe, em média, 12% ao ano, bem mais do que o crescimento da economia – e o setor não estava preparado para isso. Resultado: os aeroportos vivem cheios. Se o tempo fecha ou o equipamento falha, os atrasos são inevitáveis.

"Acredito que, a curto prazo, essa realidade não vai mudar. Acho que, a médio e longo prazos, a sociedade tem que se preparar para passar por um processo de transformação na aviação civil, pagando ainda um preço alto, porque há tendência de aumento na demanda e a infra-estrutura ainda é deficiente", diz o diretor do sindicato dos aeronautas, Célio Eugênio. Passageiros prejudicados

O presidente da Associação Nacional em Defesa dos Direitos dos Passageiros do Transporte Aéreo (Andep), Cláudio Candiota, diz que quem se sentir prejudicado pelos atrasos deve recorrer à Justiça. "Os passageiros devem ajuizar ações contra as companhias aéreas. Para isso, eles devem guardar os comprovantes das despesas que tiveram. Ao ajuizar ação, eles vão, obviamente, solicitar também uma indenização pelo dano moral sofrido", afirma Candiota.

Neste caso, se a companhia aérea achar que a responsabilidade é da União, ela pode recorrer à Justiça contra o governo federal.

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