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A agenda de compromissos do ex-presidente da Brasil Telecom Humberto Braz, condenado na terça-feira com Daniel Dantas por corrupção, é considerada pela Polícia Federal o elo entre o grupo Opportunity e mais um caso de tentativa de suborno, desta vez proposto a Sérgio Antonio de Carvalho, marido da juíza Marcia Cunha, da 2ª Vara Empresarial do Rio.

Informações obtidas na agenda indicam que Braz teria se encontrado 16 vezes com o suposto lobista Eduardo Rascovzky, que ofereceu, de acordo com a magistrada, "uma proposta financeira extremamente vantajosa" a seu marido em nome do grupo de Dantas. Ele queria que Carvalho advogasse para o Opportunity por um "dinheiro para ficar rico".

A razão da proposta, segundo Marcia, era reverter dois processos em favor do Opportunity. Um deles, em especial, conferia ao grupo de Dantas o direito na gestão de companhias como a Brasil Telecom, da qual Braz fora presidente.

O primeiro encontro entre Braz e Rascovzky teria ocorrido no dia 6 de fevereiro de 2004, com a presença de Maria Amália Delfim de Melo Coutrim, funcionária do Opportunity. O último teria sido realizado no dia 20 de outubro do mesmo ano. Segundo Marcia, a tentativa de suborno ocorreu meses depois, entre março e abril de 2005.

Seu marido, contudo, não aceitou a oferta de Rascovzky. Decidiu ainda gravar uma conversa com o suposto lobista, para que fosse confirmada a proposta de "emprego". Marcia, por sua vez, decidiu contra o banqueiro no caso dos fundos de pensão e o resultado, segundo ela, "foi um inferno".

Em seu depoimento à PF, ela relatou situações de pressão psicológica e até mesmo ameaça de morte. "Sempre ocorriam coisas estranhas", relatou a magistrada sobre situações que "tinham todos os aspectos de intimidação."

Marcia enfrentou ainda representações no Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e no Órgão Especial do Tribunal de Justiça do Rio. Em ambos os casos, foi absolvida. A juíza não dá entrevistas, sublinhando que o caso corre sob segredo de Justiça, juntado aos autos da Operação Satiagraha.

Seu advogado, Cláudio Costa, afirma que ela foi alvo de uma "campanha sórdida". Hoje, a magistrada processa o Opportunity por danos morais na 51ª Vara Cível do Rio, com valor de causa de R$ 50 mil.

O Opportunity não comentou a relação entre Braz e Rascovzky, mas relatou, em carta, que argüiu suspeição sobre as decisões da juíza porque a liminar que suspendia os direitos do grupo na gestão da BrT foi dada "com extraordinária rapidez", em decisão de 38 páginas que não condizia com a escrita da magistrada.

Ressaltou ainda que em 2006 a Justiça do Rio "abriu espaço para a volta do Opportunity ao controle da Brasil Telecom ao derrubar, por unanimidade, a liminar dada pela juíza Marcia Cunha que suspendia os efeitos do chamado acordo guarda-chuva, que permitiu aos fundos de pensão e ao Citigroup tomarem o controle da Brasil Telecom". Rascovzky não foi encontrado pela "Agência Estado".Você acredita que o banqueiro Daniel Dantas cumprirá os dez anos de prisão a que foi condenado e pagará a multa de R$ 13 milhões estipulada pela Justiça? Opine no formulário abaixo.

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