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O assassinato do diretor do Centro de Detenção Provisória(CDP) de Mauá, Wellington Segura, provocou greves de agentes penitenciários de diversos presídios. Em nota, o Sindicato dos Funcionários do Sistema Prisional de São Paulo afirma que os agentes penitenciários de dois CDPs em Presidente Venceslau mantiveram apenas os serviços básicos de alimentação e entrega de medicamentos aos presos.

"Banho de sol e entrega de correspondências foram suspensos. É uma forma de os trabalhadores protestarem pacificamente contra a falta de segurança que tomou conta do sistema penitenciário nos últimos anos e que vem constantemente fazendo vítimas em todos os escalões", afirma a nota.

Neste sábado, presidiários já haviam gritado para seus familiares, do lado de fora da prisão, que estavam sem luz e sem água, mas a informação não foi confirmada.Polícia tem pistas de assassinos

A polícia paulista já tem informações que podem levar à identificação de um dos envolvidos no assassinato de Wellington Segura. Ele tinha 31 anos.

A polícia, no entanto, revela apenas que o suspeito era um homem branco e alto.

As informações foram passadas por uma testemunha do crime e por Marilene Silva, colega de Segura, que ele deixava em casa, na noite de sexta-feira, quando foi morto. O outro criminoso usava um capuz.

A morte de Segura foi comemorada pelos detentos da unidade e também por presos de outras cadeias. De acordo com o delegado titular de Mauá, Américo dos Santos Neto, a alegria dos presos com a notícia do assassinato se compara à empolgação da torcida corintiana em dias de jogo do time.

- Quando o CDP de Mauá teve conhecimento da morte, foi, segundo os próprios presos, como se fosse um jogo do Corinthians, tamanha a manifestação de a alegria deles. O (CDP de) Santo André também comemorou -disse o delegado.

Os policias informaram que, no dia do crime, o diretor, acostumado a receber ameaças, teria ficado preocupado com um aviso dado a ele por um funcionário da prisão, que ouviu dos presos que uma ação era planejada contra ele. Segura também estaria sendo seguido.

- Ele já estava sendo seguido. Quinta-feira um carro parou perto da casa dele e ficou horas aguardando. O crime foi planejado, foi arquitetado. Com certeza um crime de execução. Deve existir um comando. A gente não sabe se esse comando parte desses três indivíduos só, que resolveram talvez algum caso isolado no CDP, ou um comando maior - disse Santos Neto.

Segura foi morto a tiros por volta das 19h de sexta-feira, quando voltava para casa, em um carro oficial. No veículo também estava uma funcionária do CDP, que costumava pegar carona com a vítima. Segundo testemunhas, uma Parati preta se aproximou do carro de Segura, uma Parati branca, e dois homens desceram atirando no diretor, que morreu na hora. A vítima levou tantos tiros no rosto que ainda não se sabe quantas balas o atingiram. A passageira também foi baleada, sendo atingida por quatro tiros.

- Trabalhamos com duas possibilidades. Pode ter sido um fato isolado de algum grupo por vingança. Nesse caso, algum ex-preso que passou por Mauá pode ter se juntado a outros e praticado o crime por eventual abuso ocorrido no interior do CDP. Ou alguma coisa mais orquestrada. Não posso falar ainda em facção criminosa - disse o delegado.

Santos Neto não tem dúvida de que só o diretor era o alvo. Apesar disso, todas as unidades prisionais do estado estão em alerta. As visitas foram suspensas em alguns presídios e, em Presidente Venceslau, no oeste do estado, os agentes estão em greve.

- Ninguém atravessou para executá-la (a outra vítima). Todos os tiros vieram da esquerda para a direita - disse ele, referindo-se à funcionária que estava no carro, diretora de Recursos humanos do CDP.

Na noite deste sábado, a polícia encontrou o carro usado pelos criminosos. A Parati estava na Rodovia Índio Tibiriçá, a cerca de 10 quilômetros do local do crime. Os assassinos tentaram queimar o veículo.

- Há fuligem em todo o carro e isso dificulta o trabalho técnico da perícia para levantar impressões digitais - disse Santos Neto.

O carro foi roubado numa cidade do Interior, mas a polícia não informou detalhes. Multas recentes podem dar a dica do trajeto feito pelos criminosos. Já no carro da vítima, a polícia encontrou 20 projéteis. São balas de pistola .40, .380 e até .30, munição que pode ser usada em fuzis ou rifles.

Segundo o delegado Santos Neto, o perfil da vítima pode ajudar a elucidar os motivos do crime.

- Parece que era uma pessoa rígida e pecava talvez pelo excesso. A informação dos colegas dele é que ele era muito rígido. Ele era admirado pelos colegas, mas era até aconselhado a ir com menos rigor. Ele agia com muita energia - acrescentou o delegado.

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