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O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), evitou um tema incômodo para sua gestão ao não comparecer, na manhã desta terça-feira (25), a uma cerimônia ao lado da presidente Dilma Rousseff que marcou o início das obras de casas para as famílias que moravam na comunidade do Pinheirinho, em São José dos Campos (SP).

No evento houve a assinatura de ordem de serviço para a construção de 1.641 casas, de um total de 1.700, em uma parceria entre os programas Minha Casa, Minha Vida, do governo federal, e Casa Paulista, do governo Alckmin.

Os imóveis do residencial Pinheirinho dos Palmares serão destinados a aproximadamente 1.700 famílias que foram retiradas da ocupação conhecida como Pinheirinho em uma polêmica ação de reintegração de posse, em janeiro de 2012. A previsão é que as entregas sejam feitas num prazo de 18 a 24 meses.

A desocupação da área, que pertence ao empresário Naji Nahas, ganhou repercussão pela força desproporcional usada pela Polícia Militar de São Paulo e por denúncias de abuso e violência excessiva contra as famílias. No evento, participantes da cerimônia lembraram o episódio e fizeram duras críticas à forma como o governo tucano conduziu a desocupação. "No dia 22 de janeiro de 2012, nós tivemos aquele terrível episódio, que é um marco na luta de vocês. Mas hoje, apesar daquele dia estar gravado na nossa memória e na de vocês, eu tenho certeza que hoje vai estar gravado na memória e no coração de vocês como o dia em que a luta de vocês chegou a um bom resultado", disse Dilma em seu discurso, dirigindo-se às famílias que serão contempladas, que estavam na plateia.A operação também foi criticada pelo ex-ministro e pré-candidato do PT ao governo de São Paulo, Alexandre Padilha, que deverá ser um dos principais adversários de Alckmin nas eleições deste ano.

"O governante tem que seguir aquilo que a Justiça determina. Agora preservar a vida das pessoas também é seguir a Justiça, não permitir qualquer tipo de abuso, como foi feito, seja de violência, inclusive [houve] suspeita de que violência sexual foi praticada. Ou seja, isso é ir contra a Justiça", disse o petista em entrevista."Naquele dia 22, a gente acordou com a tropa do governo Alckmin detonando a cidade de São José dos Campos", criticou Valdir Martins Marrom, líder dos moradores retirados do Pinheirinho.

Também presente no evento, o advogado das famílias do Pinheirinho, Toninho Ferreira, disse ser necessária a criação de uma lei que "acabe com o despejo violento", e defendeu o reajuste do aluguel social, benefício pago às famílias que foram retiradas, atualmente de R$ 500. "O Estado usou um aparato militar que nunca se viu em tempos de paz, com mais de 2.000 homens, para poder tirar as famílias", criticou Ferreira.

Críticas

Presente na cerimônia para representar o governador, o secretário estadual da Habitação, Silvio Torres, afirmou que a reintegração foi realizada para cumprir uma ordem judicial.

Segundo Torres, as críticas já eram esperadas. "É evidente que, ao fazer a reintegração de uma população tão numerosa, era muito difícil evitar que houvesse algum tipo de trauma", afirmou. "Os atos que foram atribuídos como atos violentos, grande parte deles foram comprovadamente inverídicos, e aqueles que foram constatados como excesso foram punidos de acordo com o regulamento da Polícia Militar", disse o secretário.

Torres afirmou ainda que Alckmin "chegou a cogitar" participar da cerimônia, mas não compareceu porque havia outro compromisso no mesmo horário. Segundo a assessoria de imprensa do governo de São Paulo, a cerimônia não estava prevista na agenda do governador, que tem compromissos internos hoje.

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