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Em sua primeira reunião com os líderes da Câmara, o novo presidente da Casa, Aldo Rebelo (PCdoB-SP), tentou abrir o diálogo e discutiu, além da retomada das votações, a possibilidade de pôr em pauta a reforma eleitoral. O encontro ainda teve um rescaldo da eleição de quarta-feira. O líder do governo, Arlindo Chinaglia (PT- SP), protestou contra a afirmação do líder do PSDB, Alberto Goldman (SP), de que a vitória do governo teria sido a vitória do mensalão. Segundo Chinaglia, a crítica foi leviana, mas Goldman não quis responder. O líder do PSB, Renato Casagrande (ES), disse que Chinaglia apenas registrou sua indignação e que não houve nenhum tipo de puxão de orelhas.

Apesar do clima de ressaca, os líderes decidiram que a prioridade do plenário na próxima semana será votar as cinco medidas provisórias que trancam a pauta. Foi marcada uma nova reunião para terça-feira que vem para aprovar uma agenda mínima de votações em outubro.

O ministro de Relações Institucionais, Jaques Wagner, disse que, se a Câmara votar a Medida Provisória 258, que cria a super Receita Federal, o governo retira as outras MPs e aí poderia ser votado o projeto de reforma eleitoral do senador Jorge Bornhausen (SC), que reduz de 90 para 45 dias o período do horário eleitoral, proíbe showmícios e a participação de artistas no programa do candidato.

A proposta de mudança na cláusula de barreira, reduzindo a exigência aos partidos de, no mínimo, 5% dos votos nacionais para 2%, só terá chance de ser aprovada se o Congresso aprovar antes uma emenda constitucional do senador Tasso Jereissatti (PSDB-CE) esticando o prazo de mudanças na lei eleitoral de 30 de setembro para 30 de dezembro. Há outra emenda nessa linha, do deputado Ney Lopes (PFL-RN), mas inclui neste prazo a mudança de partido e domicílio eleitoral, rejeitada por quase todos os partidos.

- Nós apoiamos a PEC desde que não seja apenas uma maquiagem. Precisamos de uma reforma política e não de uma maquiagem porque o que estamos vivendo hoje é um processo de corrupção inigualável. Caso contrário, é melhor deixar como está - disse o líder do PSDB, Alberto Goldman (SP).

O líder do PFL, Rodrigo Maia (RJ), reclamou de Aldo não ter colocado a reforma eleitoral na ordem do dia. Segundo ele, o fato de Aldo não ter marcado votações para esta quinta-feira mostra descompromisso com a reforma eleitoral, que precisa ser votada até o dia 30 (esta sexta), para entrar em vigor no ano que vem. Maia é contra a proposta da PEC que estica para dezembro o prazo de alterações na lei eleitoral.

- O presidente Aldo fez um discurso e na prática não quer reforma política, porque não fez ordem do dia para hoje para se tentar um acordo para destrancar a pauta e votar o projeto do senador Jorge Bornhausen (PFL-SC). O presidente Aldo ganhou com um discurso e já começa a governar com outro - atacou Rodrigo Maia.Primeiro a falar, Aldo Rebelo avisou que não há condição de votar mais nada nesta semana e consultou os líderes sobre a reforma eleitoral, especialmente a PEC do senador Ney Lopes.

O líder da Minoria, José Carlos Aleluia (PFL-BA), avisou que não aceitava de forma alguma a redução da cláusula de barreira. Já o líder do PSDB disse que seu partido só apóia a reforma se não for apenas uma maquiagem e se houver uma mudança maior na legislação.

Rodrigo Maia disse que o partido tem prioridades e que só ajuda a desobstruir a pauta se o governo puser em votação a autonomia do Banco Central. E, numa crítica à ação do Palácio do Planalto na eleição de quarta-feira, avisou que o governo deve continuar buscando a maioria da forma como elegeu Aldo.

- Nós devemos expor o governo à sua maioria, à maioria que formou para eleger o Aldo. Se eles resolveram ganhar a eleição dessa forma, que construam sua maioria. Nós não vamos colaborar. Se querem acordo para desobstruir a pauta, o PFL só aceita se o governo aceitar discutir a autonomia do BC - afirmou.

Apesar do clima de ressaca, Renato Casagrande disse que Aldo já mostrou que trabalha de forma bem diferente de seu antecessor Severino Cavalcanti e que está sendo criado um ambiente mais adequado para retomar as votações. Sobre a condição do PFL de ajudar nas votações desde que a autonomia do BC seja incluída na pauta, Casagrande disse que os interesses da Câmara não podem se submeter a determinado partido e provocou:

- Acredito que nenhum partido possa vincular seu interesse às votações na Casa. É que ainda estão lambendo as feridas, o tempo e o diálogo vão amenizar as coisas.

No início da tarde, Aldo se reuniu com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O presidente da Câmara disse que foi apenas uma visita de cortesia e que os dois não discutiram a pauta de votação da Câmara.

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