Votação do impeachment no plenário da Câmara está marcada para domingo (17).| Foto: Lucio Bernardo Jr./Câmara dos Deputados

Com dificuldade para garantir votos contrários ao processo de impeachment contra a presidente da República Dilma Rousseff, aliados agora apostam na abstenção ou na ausência de parlamentares que não estão confortáveis em nenhum dos lados.

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Nos bastidores, eles estão sendo apelidados de “nem, nem”, ou seja, “nem Dilma, nem Temer”. Para o impeachment passar na Câmara dos Deputados, a oposição precisa ter no mínimo 342 votos.

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Mais fortemente de uma semana para cá, aliados e a própria presidente Dilma já trabalham contra o nome do vice-presidente, Michel Temer (PMDB). Temer tem sido chamado de “golpista” e “conspirador”. O documento “Ponte para o Futuro”, lançado por ele no ano passado, no qual defende um duro ajuste fiscal, também tem sido criticado pelo PT. A ideia é enfraquecer Temer e convencer indecisos de que o peemedebista não é a “solução”.

A estratégia ocorre em meio a uma crescente pressão dos partidos pró-impeachment contra seus dissidentes. Na Câmara dos Deputados, a presidente Dilma tem o apoio formal apenas das bancadas do PT, PDT, PCdoB, PTdoB e Psol, que, juntas, somam cerca de 100 parlamentares.

Todas as demais bancadas já orientaram a favor do impeachment. Portanto, para barrar o avanço do processo no Congresso Nacional, a presidente Dilma tem que necessariamente contar com dissidentes.

Com exceção do núcleo duro da oposição – PSDB, DEM, PPS e SD -, onde há um voto uniforme pelo impeachment, nos demais partidos ainda há alguns dissidentes.

Em algumas legendas, embora tenha ocorrido a orientação formal pelo voto a favor do impeachment, não foi aprovada nenhuma punição caso o parlamentar não endosse a posição da sigla. Ou seja, os filiados estariam livres para votar. É o caso do PSD, por exemplo.

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Outros, contudo, estão partindo para o “fechamento de questão”, quando o parlamentar é obrigado a votar na orientação partidária para não ser punido. Após ver filiados negociando cargos mesmo após o desembarque da base, o PP resolveu “enquadrar” seus dissidentes.

Reunida no final da tarde desta sexta-feira (15), a bancada do PP decidiu “fechar questão” a favor do impeachment, o que na prática “enquadra” os sete pepistas da bancada de quase 50 parlamentares que ainda insistiam no voto contra a destituição.

Entre eles está o deputado federal pelo Paraná Nelson Meurer, que acha “injusto” o impeachment, mas alega que vai seguir a determinação do partido para não ser prejudicado na eleição de outubro, quando trabalhará para eleger prefeitos e vereadores aliados. “O que eu posso fazer? Tenho que seguir o partido”, disse Meurer.

A eleição deste ano será a primeira sem doação de empresas a candidatos, o que leva políticos a dependerem do fundo partidário, geralmente controlado pelas cúpulas das legendas.

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