
Ao assumir a presidência da Câmara dos Deputados após a conturbada renúncia do ex-presidente Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e da atabalhoada interinidade de Waldir Maranhão (PP-MA), o deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ) já deu pistas de que seu mandato à frente do legislativo seria de diálogo com os deputados de oposição e de alinhamento à agenda do governo do PMDB.
“A minoria de hoje tem que ter sempre a perspectiva democrática de virar a maioria de amanhã. Não adianta querer esmagar direitos e atropelar prerrogativas de minorias. Isso divide, não soma”, disse o deputado em seu pronunciamento para pedir o voto de seus pares. No mesmo discurso, ele deixou evidente a inclinação governista ao citar o então presidente interino Michel Temer como um exemplo de presidente da Câmara a ser seguido, destacando, especialmente, sua cordialidade.
Na avaliação de deputados da bancada paranaense, Maia vem entregando o que prometeu durante a campanha . Um dos principais aliados do presidente da Câmara no estado é o líder do PPS, Rubens Bueno. Para ele, em um momento difícil do parlamento, Maia conseguiu dar tranquilidade aos trabalhos legislativos.
“Ele tem uma relação muito boa com as bancadas. É aberto, democrático, tranquilo, não impõe nada e discute assunto por assunto”, avalia Bueno.
A lembrança da forma truculenta com que o ex-presidente e deputado cassado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) tratava os opositores faz com que até deputados não alinhados a Maia elogiem sua gestão.
“Ele não se compara aos outros dois. O Waldir Maranhão não sabia o que estava fazendo lá, e o Eduardo Cunha, ao contrário, sabia muito bem, só que usava de má-fé”, comenta o deputado Aliel Machado (Rede).
Ênio Verri (PT) também cita a comparação com Cunha para elogiar Maia. “É claro que para quem teve um ditador como o Cunha na presidência, o Maia representa um avanço grande na gestão da Casa”, avalia o petista.
Presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), o deputado paranaense Osmar Serraglio (PMDB), considera Maia “tolerante até demais” com as minorias. Segundo o parlamentar, o presidente permite que deputados da minoria extrapolem o tempo limite de fala. “O Eduardo Cunha cortava o microfone e continuava já no seguinte”, relembra Serraglio, dizendo que esses desrespeitos ao regimento atrapalham a produtividade da Casa.
Confiança do Planalto
Além do apoio de boa parte dos pares deputados, Rodrigo Maia também goza da confiança do governo. Para além das relações políticas, Maia é genro de Moreira Franco, secretário executivo do Programa de Parcerias de Investimentos (PPI) e um dos principais articuladores de Michel Temer.
Na relação com o governo, o maior teste de Maia foi a votação da Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 241, que prevê a limitação do crescimento dos gastos públicos. O deputado trabalhou abertamente para a aprovação do principal projeto enviado pelo governo Temer ao Congresso até agora.
Pela articulação em defesa do projeto do governo, Maia chegou a ser criticado por deputados oposicionistas, que disseram que há momentos em que ele age como líder do governo, não como presidente.



