
Brasília - Foram-se os Dias, ficou o DEM. Pressionado pelo principal parceiro e surpreendido pela candidatura de Osmar Dias (PDT) ao governo do Paraná, o PSDB aceitou a indicação de um jovem deputado federal carioca para o lugar de Alvaro Dias como vice de José Serra na chapa presidencial. A "novidade" da eleição, como definiu o próprio Serra, é o democrata Índio da Costa, cujo maior feito na carreira foi ter relatado o projeto Ficha Limpa.
Segundo o presidente nacional do PSDB, Sérgio Guerra, a escolha foi impulsionada pela movimentação política no Paraná. "Com o Alvaro, tínhamos uma estratégia que poderia nos dar até 2 milhões de votos a mais no estado. Só que o Osmar saiu candidato e tudo foi por água abaixo", justificou.
Alvaro havia sido indicado pelos tucanos como nome para a vaga na última sexta-feira. A decisão provocou a revolta do DEM, que ficou sabendo da notícia por meio de uma mensagem no microblog Twitter do presidente nacional do PTB, Roberto Jéfferson. O partido, que indicou o vice nas três vezes que apoiou formalmente o PSDB, brigou o quanto pôde para reverter a situação.
Assim como Guerra, Serra negou que a pressão dos aliados tenha sido preponderante para a mudança de planos e colocou a culpa em Osmar. "Nós tínhamos uma proposta de alguém [Alvaro] muito preparado, altamente qualificado e que envolvia uma determinada posição política num estado [Paraná]. Infelizmente não deu certo, mas não por nós."
O presidente tucano também afirmou que havia um acordo fechado com o pedetista. "O Osmar disse várias vezes a nós, não apenas uma, duas, dez, vinte ou quarenta, que seria candidato a senador na nossa unidade. Eu espero que ele seja, da próxima vez, um pouco mais afirmativo."
Sobre a escolha de Índio da Costa, Serra não conseguiu disfarçar a falta de conhecimento do parceiro indicado pelo DEM. O tucano participou de uma entrevista coletiva no final da tarde em Brasília para anunciar o acordo, mas falou menos de 15 minutos e foi embora. "Quero dizer que o nosso Índio é um político da nova geração, um jovem, mas que já tem experiência na vida pública."
Serra enfatizou a experiência do deputado como secretário municipal de Administração do Rio de Janeiro. "O Índio traz experiências que são importantes, principalmente nessa área de administração, que é uma área árdua do governo." Também elogiou a sua atuação parlamentar e a preocupação com questões ambientais.
Sobre a participação do vice na campanha, Serra disse que ele "fará o contrário de se esconder, vai se mostrar, debater". O tucano também afirmou estar feliz por ter encerrado a longa novela da escolha para a vaga, que começou com a hipótese de contar com o ex-governador mineiro Aécio Neves. "Já tendo o vice eu vou ter muito mais tempo para responder perguntas sobre o que eu vou fazer pelo Brasil", disse.
Pego de surpresa pela indicação, Índio da Costa fez uma comparação com a maior realização política para resumir como se sentia. "Têm me perguntado se a ficha caiu, mas a única ficha que caiu foi a ficha suja, graças ao projeto que eu relatei na Câmara."
O deputado falou apenas um minuto e meio durante a coletiva da própria apresentação como vice, mas disse que está afinado com as propostas de Serra. "Estou à disposição para fazer tudo aquilo que for necessário, dentro da ética, da correção, para a gente ganhar a eleição e transformar esse Brasil em um país de oportunidade para as pessoas."



