Brasília e Curitiba - O apagão da semana passada estremeceu as relações entre PT e PMDB em Brasília. O episódio, somado a várias dissidências regionais, deu fôlego à possibilidade de os peemedebistas lançarem candidato próprio à Presidência da República em 2010. O tema é a principal pauta de uma reunião nacional que está sendo organizada pelo diretório paranaense do partido para o próximo sábado, em Curitiba.
Em outubro, a cúpula da legenda fechou um acordo com os petistas para apoiar a candidatura da ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff. Em troca, o PMDB teria o direito de indicar o vice. O nome mais cotado é o presidente da Câmara dos Deputados, Michel Temer (SP).
A decisão gerou protestos de lideranças estaduais, como o governador do Paraná, Roberto Requião. Ele tem articulado pessoalmente o evento do dia 21. No papel, entretanto, o objetivo da reunião é discutir um programa de governo para o Brasil.
"Estamos fazendo esse encontro porque a direção nacional, de maneira voluntarista, se adiantou e foi conversar com o presidente Lula para ter a vice. Mas com que proposta de governo?", questiona o presidente do PMDB paranaense, deputado estadual Waldyr Pugliesi.
Tratado até agora com frieza em Brasília, o evento pode crescer em função da polêmica partidária que envolve o blecaute que atingiu 18 estados há sete dias. Nos bastidores, setores do partido queixam-se da estratégia do governo no caso. Até agora, o ministro das Minas e Energia, Edison Lobão, tem sido isolado como porta-voz do problema.
Lobão é senador licenciado pelo PMDB do Maranhão e chegou ao cargo em 2007 graças ao apadrinhamento do presidente do Senado, José Sarney. Entre 2003 e 2005, porém, o posto foi ocupado por Dilma. Além disso, a maioria das funções técnicas da pasta é ocupada por petistas.
A definição de qual partido é "culpado" pelo apagão e, consequentemente, responsável por supostos problemas de gestão do sistema elétrico brasileiro é o que tem ampliado o desgaste entre as duas legendas. Nesse conflito, a principal dificuldade dos peemedebistas descontentes com a aliança é apresentar um nome viável como candidato a presidente.
"Até agora, nenhum brasileiro nato filiado ao partido, com mais de 35 anos de idade e apto para disputar a Presidência apresentou-se oficialmente. Se ninguém diz que quer ser candidato, fica difícil encontrar outra hipótese a essa altura do campeonato", diz o deputado federal Rodrigo Rocha Loures, único paranaense que participou das reuniões que selaram o acordo entre PMDB e PT no mês passado.
Ele cita como exemplo o governador de Minas Gerais, Aécio Neves, que está atrás das pesquisas em relação ao principal adversário, José Serra, na escolha do candidato do PSDB. "O Aécio nunca titubeou, sempre disse que é candidato e desmente imediatamente quem diz o contrário. Não dá para um partido se definir pela candidatura própria sem opções."
Apesar da postura contrária em relação ao acordo nacional entre PT e PMDB, Pugliesi é cauteloso ao falar em presidenciáveis. "Precisamos ser bem realistas. Muita gente gostaria de ver o Requião candidato à Presidência. Outros falam no Pedro Simon (senador gaúcho), outros no governador do Rio de Janeiro (Sérgio Cabral)."
Entre os três citados, apenas Requião admite que pode ser candidato. Cabral já anunciou que disputará a reeleição, enquanto Simon já declarou que pretende se aposentar.
Encontro deve ficar restrito a dissidentes
O encontro promovido pelo diretório estadual do PMDB para o próximo sábado deve ficar restrito às lideranças dissidentes da aliança com o PT para a eleição presidencial de 2010. Até ontem, nenhum dos sete ministros peemedebistas havia confirmado presença. Edison Lobão, por exemplo, comunicou na semana passada que não participaria.
Por enquanto, os nomes mais conhecidos no cenário nacional são o senador gaúcho Pedro Simon, o ex-ministro Mangabeira Unger e o ex-governador de São Paulo Orestes Quércia. Todos eles já se manifestaram contra o acordo com o PT. Os presidentes do Senado, José Sarney, e da Câmara, Michel Temer, dificilmente comparecerão.
Por outro lado, a expectativa é reunir pelo menos 15 presidentes de diretórios estaduais. Pelo menos nove já estão confirmados além de Quércia (São Paulo), Jackson Barreto (Sergipe), Eduardo Moreira (Santa Catarina), Pedro Simon (Rio Grande do Sul), Paulo Melo (Rio de Janeiro), Marcelo Castro (Piauí), Zaire Rezende (Minas Gerais), Ezaque Cipriano (Mato Grosso do Sul) e Welington Coimbra (Espírito Santo). O evento, que ocorre das 10 horas às 13h30 no Hotel Pestana, terá transmissão ao vivo pela internet.
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