Requião: candidatura própria do senador era rejeitada pela maioria dos deputados estaduais por acharem que o PMDB deve eleger menos parlamentares sem estar coligado ao PSDB| Foto: Hugo Harada/ Gazeta do Povo
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4 partidos conversaram com Roberto Requião após o PMDB ter escolhido o senador como candidato ao governo do estado. Segundo Rodrigo Rocha Loures, membro da executiva nacional do PMDB, são eles: PV, PCdoB, PSD e PP.

Após decidir pela candidatura própria ao governo do Paraná, o PMDB corre contra o relógio para construir a campanha do senador Roberto Requião. Os partidos políticos têm até a próxima segunda-feira para decidir quem vão apoiar nas eleições deste ano caso não lancem candidatos. Lideranças próximas do senador garantem que o PMDB não irá disputar sozinho o Palácio Iguaçu e que deve conquistar apoios de última hora – inclusive para coligar-se numa chapa nas eleições parlamentares (chamadas de proporcionais). Ainda assim, deputados estaduais derrotados na convenção temem pelo futuro da bancada peemedebista na Assembleia Legislativa.

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Membro da Executiva Nacional do PMDB e um dos principais apoiadores de Requião, Rodrigo Rocha Loures afirma que o partido espera montar um "chapão" nas proporcionais. A expectativa é de que a chapa tenha entre cinco e sete partidos. Ele diz estar otimista. "A vitória do Requião reabriu todo o processo de diálogo político no estado. Além disso, a derrota do [governador] Beto Richa [que queria que o PMDB apoiasse sua campanha de reeleição] revelou uma fraqueza que muitos não imaginavam", afirma. Segundo Rocha Loures, partidos como PV, PCdoB e até mesmo PSD e PP tiveram conversas com Requião desde a sexta-feira, quando ele foi escolhido como candidato do partido. Mas ainda não há nada confirmado, diz Rocha Loures.

Razões

A busca por aliados tem dois motivos. Para a eleição a governador, mais partidos significa mais tempo na propaganda eleitoral no rádio e na televisão e mais palanques pelo estado. O principal, entretanto, está nas proporcionais: há um temor, por parte da bancada estadual, de que, sem a coligação com o PSDB de Richa, o partido perca cadeiras no Congresso e na Assembleia.

Nas contas dos deputados estaduais, o número de candidatos próprios a deputado do PMDB é muito baixo para uma chapa pura. Líder do partido na Assembleia, Nereu Moura conta 12 candidatos a deputado federal e 19 candidatos a deputado estadual. "No caso dos estaduais, precisamos chegar a pelo menos 30 candidatos", afirma. Com menos candidatos somando votos à coligação, a tendência seria uma queda no número de cadeiras – mesmo considerando que a candidatura própria de Requião traga indiretamente votos de legenda.

Rocha Loures minimiza o problema. De acordo com ele, desde sexta-feira, nove filiados já se apresentaram como candidatos a deputado estadual, e outros quatro para federal.

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Dificuldades

O processo de construção de alianças pode ser complicado. Nas majoritárias (governo e Senado), o PMDB tem apenas uma vaga disponível: a de vice-governador – além de Requião, Marcelo Almeida é candidato a senador. A pré-candidata ao governo Gleisi Hoffmann (PT), por exemplo, abriu suas duas vagas para ampliar o leque de alianças. Para Rocha Loures, há "50% de chance" de o PMDB indicar um vice do próprio partido.

Nas proporcionais (Assembleia e Câmara Federal), o problema é ainda maior. O PMDB tem o que chamam no jargão político de "chapa pesada". São relativamente poucos candidatos, a maioria com alto potencial de votos, o que pode afastar partidos como o PV – que tradicionalmente trabalha com chapas puras e "leves", vários candidatos com votação baixa e um coeficiente eleitoral também baixo, que lhe dá mais chance de eleger ao menos um deputado.

"Os deputados hoje são muito fortes. É um problema que existe e a gente alertou que existia", diz o presidente do PMDB no estado, Osmar Serraglio, que defendeu a coligação com Richa. Rocha Loures, por outro lado, acredita que o "quadro coletivo" pode ser mais atrativo do que a possibilidade de eleição individual.

Peemedebista e tucano batem boca na sessão da Assembleia

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A Assembleia Legislativa do Paraná experimentou ontem a "ressaca" da convenção do PMDB, realizada na última sexta-feira. A maioria dos deputados do partido estava cabisbaixa, e alguns nem sequer compareceram às votações. Por outro lado, Anibelli Neto (PMDB) e Cleiton Kielse (PMDB), principais aliados do senador Roberto Requião na Casa, comemoraram a vitória em discursos no plenário. Kielse chegou a bater boca com o presidente da Assembleia, Valdir Rossoni (PSDB), acusando-o de usar seguranças do Legislativo na convenção peemedebistas para tentar "sabotar" a militância pró-Requião. Rossoni negou as acusações.

Um dos principais defensores da coligação com o PSDB, Luiz Claudio Romanelli (PMDB) manifestou seu receio de uma redução na bancada, e disse que os convencionais que votaram em Requião "sentirão a falta dos deputados em 2016". Questionado sobre quem apoiará nas eleições para governador, preferiu não falar. "Vou fazer a campanha do Luiz Claudio Romanelli", disse. Já Alexandre Curi (PMDB) disse que estava tranquilo com o resultado, mas que preferia esperar alguns dias antes de se manifestar.

Anibelli discursou em plenário, dizendo que a vitória de Requião "sacramentou aquilo que muitos não acreditavam" e que política é feita "de baixo para cima". Ele disse ainda que "política não é matemática". Nereu Moura (PMDB), que apoiou a coligação, discordou. Para ele, é uma "utopia" acreditar em uma coligação forte para o PMDB nas eleições proporcionais (a deputado), e que não dá para dispensar a matemática dos cálculos eleitorais para fazer política.

Colaborou: Taiana Bubniak.