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Dilma é cercada por repórteres após a solenidade em que defendeu Palocci: restituição de IR para empreiteira foi determinada pela Justiça | Ueslei Marcelino/Reuters
Dilma é cercada por repórteres após a solenidade em que defendeu Palocci: restituição de IR para empreiteira foi determinada pela Justiça| Foto: Ueslei Marcelino/Reuters

Senado

Explicações a senadores petistas

O ministro da Casa Civil, Antonio Palocci, se explicou ontem a senadores da bancada do PT sobre a sua evolução patrimonial de 20 vezes nos últimos quatro anos. Segundo relatos de senadores, ele negou que sua empresa de consultoria, a Projeto, tenha cometido irregularidades que lhe permitiram aumentar o seu patrimônio. O líder do PT no Senado, Humberto Costa (PE), disse que todos os senadores presentes consideraram as explicações "bastante consistentes". O senador Wellington Dias (PT-PI) afirmou que Palocci atribuiu ainda à oposição o vazamento das denúncias – em especial a tucanos paulistas.

Banco também foi cliente do ministro

Depois da revelação de que a consultoria do ministro Antonio Palocci havia prestado serviços para uma empreiteira (a WTorre) e a uma empresa de plano de saúde (a Amil), ontem tornou-se pú­­­blica a informação de que um banco também foi cliente do petista: o Santander. O banco, o terceiro maior do país, tem interesses no governo, assim como a WTorre (que tem negócios com órgãos federais, como a Petrobras) e a Amil (cujo serviço é regulamentado pela União).

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Demorou dez dias. Mas a presidente Dilma Rousseff ontem finalmente defendeu publicamente o ministro da Casa Civil, Antonio Palocci, alvo de sucessivas denúncias desde o último dia 16. A decisão de sair em defesa do ministro ocorreu após o PSDB ter feito a acusação, na quarta-feira, de que Palocci teria feito lobby na Receita Federal para que a empreiteira WTorre recebesse rapidamente a restituição de impostos e, em contrapartida, financiasse a campanha eleitoral de Dilma.

"Palocci está dando todas as ex­­pli­­cações. Espero que essa questão não seja politizada como [foi] ontem [quarta-feira]", disse Dilma, durante uma solenidade pública de assinatura de convênios para a construção de quadras esportivas nas escolas, na qual o ministro estava presente. Dilma se referia à suspeita levantada pelo PSDB em torno da restituição do Imposto de Renda (IR) da WTorre, para a qual o ministro Palocci prestou consultoria no ano passado por meio de sua empresa, a Projeto.

Dilma considerou a denúncia do PSDB como "lastimável" e explicou que a Receita Federal demorou dois anos para fazer a restituição do IR à empresa e que uma decisão judicial determinou o pagamento. "Não se trata de nenhuma manipulação. Lamento essa questão estar sendo politizada. O Palocci está dando todas as explicações", reafirmou Dilma.

Suspeitas tucanas

Anteontem, a liderança do PSDB na Câmara dos Deputados levantou suspeitas de que pagamentos feitos pela Receita Federal à WTorre, no valor de R$ 9,2 milhões, durante as eleições do ano passado, estejam relacionados ao trabalho de Palocci, e a doações para a campanha presidencial de Dilma Rousseff. Em 2010, a consultoria Projeto ainda estava ativa, tinha a WTorre como um de seus clientes e Palocci era coordenador da campanha presidencial de Dilma.

O deputado Fernando Fran­cischini (PSDB-PR) apresentou à imprensa registros públicos do Siafi (o sistema de acompanhamento de gastos da União) e da Receita Federal que indicariam uma relação entre pagamentos feitos pela Receita à WTorre Properties, um braço do grupo WTorre, e o trabalho do ministro na incorporadora.

No dia 24 de agosto, a WTorre protocolou na Receita um pedido de restituição de IR de pessoa jurídica relativo ao ano de 2008. Na mesma data, a empresa fez uma doação de R$ 1 milhão para a campanha presidencial de Dilma – outra parcela de R$ 1 milhão foi depositada à campanha no mês de setembro. A restituição da Receita ocorreu apenas 44 dias depois do protocolo, no valor de R$ 6,25 milhões. Segundo Francischini, o prazo da devolução é recorde.

A crise que envolve Palocci começou no último dia 16, quando o jornal Folha de S.Paulo publicou reportagem mostrando que, em apenas quatro anos, o patrimônio dele aumentou 20 vezes, saltando de R$ 375 mil para cerca de R$ 7,5 milhões.

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