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Votação no Senado: oposição usou de todos o métodos para tentar barrar a votação de entrada da Venezuela no Mercosul | José Cruz/ABr
Votação no Senado: oposição usou de todos o métodos para tentar barrar a votação de entrada da Venezuela no Mercosul| Foto: José Cruz/ABr

Brasília - A maioria da base aliada ouviu calada os intermináveis discursos da oposição contra governo do presidente venezuelano Hugo Chá­­­vez, mas, na hora do voto, exerceu o poder de maioria e aprovou, no início da noite de ontem, por 35 votos favoráveis e 27 contra o protocolo de adesão da Venezuela ao Mercosul. Para participar do bloco, o país vizinho ainda precisa do aval do parlamento do Paraguai, que deixou as discussões para 2010, quando o Brasil estiver dado o as­­sunto por encerrado. Argentina e Uruguai já aprovaram o protocolo.

A votação do protocolo já se arrastava por três anos e meio no parlamento brasileiro. As discussões do projeto colocaram o presidente Venezuela em rota de colisão com os parlamentares brasileiros. Em 2007, Chávez chegou a dizer, em viagem a Manaus, que o Congresso brasileiro repetia "como papagaio o que dizem em Washington". Era uma resposta à moção aprovada no Senado que pedia a reabertura da RCTV, emissora privada que não teve a renovação autorizada pelo presidente venezuelano.

Tempos depois, Chávez disse que, se o protocolo não fosse aprovado até setembro daquele ano, 2007, retiraria o pedido de adesão ao Mercosul, o que repercutiu mal até mesmo com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. "Se não quiser ficar, não fica", desafiou o presidente. O senador José Sarney (PMDB-AP) disse, à época, que Hugo Chávez não estava pronto para participar do bloco e afirmou que o presidente venezuelano poderia comandar uma corrida armamentista na Amé­­rica do Sul, o que seria, segundo o senador "o desequilíbrio estratégico do continente". Durante a votação de ontem, Sarney, na presidência do Senado, não fez considerações sobre o projeto.

Em resposta à pressão do presidente da Venezuela, a oposição atrapalhou as votações em todas as instâncias da Câmara e do Senado. Na última comissão na qual foi discutida, de Relações Exteriores do Senado, a oposição aproveitou o fato de ter a presidência do colegiado para colocar a relatoria do protocolo sob cuidados do senador Tasso Jereissati (PSDB-CE).

"Na Venezuela, jornalistas estão na prisão, os servidores públicos são obrigados a se filiar ao partido oficial, há presos políticos. Estamos abrindo precedente perigosíssimo. Além disso, em todas as disputas políticas, a Venezuela atuou contra o Brasil", defendeu Tasso Jereissati no relatório contrário à adesão do país ao bloco comercial.

Coube ao líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), rebater Jereissati em relatório paralelo aprovado na comissão em 29 de outubro último. "Não ampliamos a democracia isolando ninguém. Se existem problemas, e eu reconheço que existem problemas, o remédio é integração, abertura, intermediação internacional", retrucou Jucá.

Números informados pelo senador Romero Jucá afirmam que as exportações brasileiras para a Venezuela passaram de US$ 608 milhões para US$ 5,15 bilhões entre 2003 e 2008 – crescimento de 758% em cinco anos. Hoje, o Brasil tem com a Venezuela seu maior saldo comercial: US$ 4,6 bilhões dólares, valor 2,5 vezes superior ao obtido com os Estados Unidos, de US$ 1,8 bilhão.

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