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O governador afastado do Distrito Federal, José Roberto Arruda (sem partido, ex-DEM), ficou surpreso com a renúncia do vice-governador, Paulo Octávio, afirmou nesta noite o advogado de Arruda, Nélio Machado, após visita a seu cliente na Superintendência da Polícia Federal, em Brasília. "Ele recebeu com surpresa [a renúncia do vice-governador Paulo Octávio]. Eu considero desinfluente para a defesa dele", disse o advogado ao sair da sede da Polícia Federal, onde Arruda está preso desde 11 de fevereiro.

Segundo Nélio Machado, Arruda poderia fazer "revelações" sobre seus acusadores, o ex-secretário de Relações Institucionais Durval Barbosa, que gravou o governador afastado, secretários, deputados distritais e empresários recebendo maços de dinheiro, e o jornalista Edson Sombra, que gravou suposta tentativa de suborno do governador para que ele mudasse seu depoimento à Polícia Federal.

Machado questionou o fato de o governador ainda não ter sido ouvido no inquérito aberto no Superior Tribunal de Justiça após a operação Caixa de Pandora. "Eu nunca vi uma investigação que já dura meses sem que o investigado seja ouvido. Será que temem alguma coisa que o governador possa falar? Por que a Polícia Federal não quer ouvi-lo? Por que o Ministério Público Federal não quer ouvi-lo? Por que o próprio Superior Tribunal de Justiça nao quis ouvi-lo? Por que o STJ decidiu pela prisão sem dar chance de explicação ao governador Arruda?", questionou o advogado.

"Ele responderá às perguntas que a ele forem formuladas. Sobre o fato ele vai responder com toda tranquilidade e certeza da sua inocência. Sobre as indagações outras de modo a extrapolar a indagação ele tem a faculdade de responder ou não. Não posso dizer de forma taxativa, mas evidentemente que um homem público que conhece virtudes e defeitos de vários personagens desse episódio e é claro que ele terá muito a dizer do senhor Durval, do senhor Sombra. Mas isso no momento próprio", disse Machado.

Habeas corpus

O advogado disse que mantém as esperanças de que o Supremo Tribunal Federal conceda o habeas corpus de liberdade a Arruda e que se for necessário ingressará com novo pedido em outro momento.

"É evidente que quando ingressei com pedido de habeas corpus eu confio na minha argumentação. Ela tem base na Constituição, tem base no Código do Processo Penal. Mas tenho que estar preparado para isso não acontecer. E qualquer advogado sabe que se o Supremo não conceder o habeas corpus nesse momento isso não impede um novo pedido", disse.

O decreto de prisão preventiva foi expedido pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ), sob a justificativa de que o governador teria tentado subornar uma testemunha do mensalão do DEM de Brasília. No dia 12 de fevereiro, o ministro do STF Marco Aurélio Mello negou habeas corpus a Arruda em caráter liminar (provisório). O Supremo deve voltar a analisar o pedido de liberdade em plenário na quinta-feira (25).

Renúncia

Paulo Octávio enviou carta de renúncia à Câmara Legislativa do DF na tarde desta quinta-feira (23). O documento foi lido em plenário às 17h30.

Mais cedo, Paulo Octávio encaminhou ao DEM sua desfiliação do partido –o que o deixa sem partido para concorrer nas próximas eleições.

"Diante dos desdobramentos recentes do processo político local, cheguei a uma conclusão definitiva. Assim, por intermédio deste documento, comunico ao Presidente da Câmara Legislativa minha renúncia ao cargo de Vice-Governador do Distrito Federal", disse Paulo Octávio em sua carta de renúncia.

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