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Contas públicas

As ressalvas contestadas

Um dos sinais da pressão exercida na análise das prestação de contas em um Tribunal de Contas formado, em sua maioria, por membros indicados por critérios políticos, seria a aprovação constante das contas do governo, mesmo com inúmeras ressalvas. As contas do Executivo estadual do ano passado, por exemplo, foram aprovadas com 14 ressalvas. E as de 2005, com 11 ressalvas.

O professor da Pontifícia Universidade Católica (PUCPR), César Bueno, doutor em Ciências Sociais, diz que essa indicação puramente política tira a autonomia dos conselheiros em votar contra o poder Executivo que o nomeou. Bueno observa que essa falta de autonomia é histórica e não somente no Tribunal de Contas do Paraná. "Você não vê os membros do TC punindo aliados."

Bueno até acha interessante a idéia de concurso público, mas acredita que poderia ser como no Supremo Tribunal Federal (STF) e Superior Tribunal de Justiça (STJ), onde há uma indicação dentro do setor jurídico, com pessoas que têm um currículo e competência para ocupar o cargo. "A competência técnica limita a pressão e elimina o critério puramente de afinidade nas escolhas."

A prática de reservar vagas em tribunais de contas para políticos é generalizada no Brasil, na opinião do professor da Universidade de Brasília (UnB), João Paulo Peixoto. "O espírito da lei não é esse. Precisa ser composto por profissionais especializados e experientes na área."

O conselheiro gaúcho Victor José Faccioni, presidente da Associação dos Membros dos Tribunais de Contas do Brasil, afirma que a análise das contas é estudada levando em conta informações técnicas e o Ministério Público também atua no processo.

Faccioni foi deputado estadual no Rio Grande do Sul, de 1991 a 1994. Ele lembra que os conselheiros precisam ter conduta ilibada, conhecimentos das áreas jurídica, econômica e de contabilidade, sendo ou não um político. "Mas, se o for, está sendo acrescida mais uma qualidade altamente positiva, que é a da experiência na vida pública pregressa que desenvolveu."

O presidente da associação explica ainda que, independente da indicação para fins de nomeação, o conselheiro é sabatinado pelo Poder Legislativo. Leia mais sobre o assunto na próxima página.

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