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Roberto Requião (esq.) quer concorrer ao governo do estado. Mas os deputados estaduais do PMDB preferem a coligação com o governador Beto Richa (centro). Orlando Pessuti (dir.), que também quer ser candidato, pode desistir e ser o fiel da balança | Hugo Harada/Gazeta do Povo; Antônio More/Gazeta do Povo; Antônio More/Gazeta do Povo
Roberto Requião (esq.) quer concorrer ao governo do estado. Mas os deputados estaduais do PMDB preferem a coligação com o governador Beto Richa (centro). Orlando Pessuti (dir.), que também quer ser candidato, pode desistir e ser o fiel da balança| Foto: Hugo Harada/Gazeta do Povo; Antônio More/Gazeta do Povo; Antônio More/Gazeta do Povo

Divisão

Partido chegou a estar rachado entre quatro alas diferentes

Desde janeiro, a convenção do PMDB do Paraná gera expectativa. À época, com o partido dividido, a direção estadual da sigla anunciava que era possível fazer uma pré-convenção para decidir o rumo da sigla no Paraná. Apesar de não ter valor legal, essa prévia poderia fornecer parâmetros para saber qual era a tendência predominante entre os delegados. No início do ano, além de ter candidato próprio ou apoiar Richa, alguns integrantes do partido também defendiam a aliança com a pré-candidata pelo PT, Gleisi Hoffmann. Sem definição, a possibilidade da realização das prévias foi descartada em maio. Porém, além da disputa interna entre o apoio a Beto Richa e a candidatura própria, se acentuou a divergência sobre quem poderia ser candidato ao governo. O senador Roberto Requião e o ex-governador Orlando Pessuti colocaram seus nomes à disposição. Os dois eram aliados, mas hoje estão brigados e em lados opostos dentro do PMDB. Pessuti ainda se mantém como pré-candidato ao Palácio Iguaçu. Mas hoje ele deve se reunir com seu grupo político para decidir se segue tentando a vaga ou se irá apoiar um dos dois lados.

700 delegados do PMDB estadual, aproximadamente, devem participar da convenção.

Faltam quatro dias para a decisiva convenção estadual do PMDB que pode mudar os rumos da disputa pelo Palácio Iguaçu em outubro. Por ora, a única certeza é que a conta telefônica das principais lideranças da sigla será bem mais alta neste mês: todos correm atrás de apoios para a causa que defendem, seja a candidatura própria ou o apoio à reeleição do governador Beto Richa (PSDB). E os telefonemas não devem parar até a sexta-feira, quando os cerca de 700 delegados do partido decidirão o futuro da sigla na eleição estadual.

Tudo pode acontecer na convenção. Publicamente, cada grupo diz ter certeza que conta com os votos necessários para que sua proposta seja a vencedora. Mas, nos bastidores, admitem que a resposta definitiva só sai na convenção.

Divisão

O PMDB está dividido entre lançar candidato próprio – o senador Roberto Requião ou o ex-governador Orlando Pessuti – ou engrossar a lista de partidos que apoia a reeleição do atual governador Beto Richa (PSDB). Se se aliar aos tucanos, o PMDB entra na chapa com lugar de destaque, pois vai indicar o nome do candidato a vice-governador.

"Caso seja aprovada a coligação, quem indica o vice é o PMDB. O grupo que nos apoia já está ciente disso. Não queremos interferir sobre quem pode ser, só preferimos que o PMDB esteja com o Beto Richa", diz o deputado estadual Valdir Rossoni, presidente do PSDB no Paraná. Dentre os peemedebistas, são cotados para ocupar a vaga de vice de Richa o deputado estadual Caíto Quintana, o deputado federal e presidente do PMDB no estado, Osmar Serraglio, e Orlando Pessuti.

Estratégias

O grupo de Requião aposta na oratória do senador. "Nós vamos exigir que haja uma plenária. Nós sabemos que o discurso do Requião pode animar os delegados", diz o deputado federal João Arruda, aliado de Requião. "Os ventos sopram a nossa favor. A vontade de ter candidato do PMDB é muito forte", afirma Arruda. "Mas sabemos que o outro grupo tem a mesma impressão com relação ao que eles defendem."

Um dos principais articuladores da aliança com Richa, o deputado estadual Luiz Cláudio Romanelli acredita que "uma boa maioria" dos delegados deve apoiar a coligação com o PSDB. "É uma decisão importante, na medida que o PMDB elegerá o dobro de deputados coligando do que em uma chapa pura", diz. Segundo Romanelli, além do vice, o PMDB terá uma "participação programática" no caso de uma eventual vitória de Richa.

Seja qual for o resultado, as marcas da disputa devem marcar a legenda durante toda a eleição. Diariamente, Requião tem criticado nas redes sociais o que chama de "adesistas" do PMDB. Romanelli, por outro lado, diz que Requião "mudou para pior" nos últimos anos e critica o senador pela falta de "capacidade de diálogo" e por seu "projeto personalista". "Não consigo reconhecer nesse novo Requião aquele que foi meu companheiro de caminhada política por mais de 30 anos."

Cúpula nacional da legenda faz pressão pela candidatura própria

A cúpula nacional do PMDB não esconde a preferência: quer ter candidato próprio ao governo do estado. Depois da convenção nacional do partido, na última semana, quando foi confirmada a aliança nacional com o PT, o comando da sigla passou a se ocupar das alianças nos estados onde ainda há indecisão. De acordo com Rodrigo Rocha Loures (PMDB), assessor da vice-presidência da República, fazer campanha contrária à decisão do partido em âmbito nacional pode até caracterizar infidelidade partidária.

"Há quem entenda que a aliança com o PSDB pode ser melhor. Mas isso é totalmente incoerente com o que o partido decidiu em Brasília", diz Rocha Loures, que faz parte do diretório nacional do PMDB. "Ainda que respeitemos a vontade e a opinião dos delegados, é irrefutável que, se o PMDB estiver com o PSDB no Paraná, fará campanha para Aécio Neves. Isso gera um conflito. Afinal, o partido terá o candidato à vice-presidência [Michel Temer, na chapa de Dilma Rousseff]. Isso representa uma agressão à convenção nacional."

Entretanto, no último dia 29, Temer esteve em Curitiba e evitou se comprometer com qualquer uma das correntes do estado. Em evento da ala pró-Requião, no Restaurante Madalosso, o vice-presidente disse que o partido sempre deve tentar lançar uma candidatura, quando viável, mas o mais importante era que as diferentes alas caminhassem unidas durante as eleições.

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