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A Assembléia Legislativa vai formar uma frente parlamentar contra o desarmamento. A medida foi anunciada ontem, no mesmo dia em que foi lançada no Paraná a campanha pela proibição da venda de munição e armas no Brasil. A maioria dos deputados – 32 dos 54 – assinou o requerimento do deputado Élio Rusch (PFL) para a formação da Frente Parlamentar pelo direito à legítima defesa. O grupo quer incentivar os brasileiros a votar pelo "não" ao desarmamento no plebiscito marcado para o dia 23 de outubro.

O tema provocou discussão acalorada na sessão depois que o ex-ministro e deputado federal Raul Jungmann (PPS) fez um discurso enfático em defesa do desarmamento. As declarações de Jungmann irritaram os parlamentares que não concordam com a proibição da venda de armas.

Ao apresentar estatísticas para defender sua posição, Jungmann condenou a outra frente que está se articulando "ao lado do comércio e da produção de armas" e disse que só os "marginalizados" estão se posicionando contra o desarmamento.

Os deputados acusaram o deputado federal de fazer "demagogia" no plenário. "Esse Jungman sai lá de Pernambuco e vem querer dar aula aqui. Ele quer que a classe trabalhadora fique refém dos bandidos", disse o líder do PMDB, Antônio Anibelli. "Não abrirei mão de ter uma arma na minha propriedade ou em casa mesmo que passe o referendo", emendou.

Anibelli relembrou um incidente envolvendo o ex-presidente da Assembléia João Mansur, que teve a residência invadida por ladrões e sobreviveu porque estava armado. "Ele tirou a arma debaixo do travesseiro na sua cama e matou o bandido", disse.

O deputado Mário Sérgio Bradock (PMDB), que é delegado de polícia, também reprovou o convidado. "O Jungmann vem aqui chamar as pessoas de bem, que têm direito à legítima defesa, de marginalizados. É um grande en-godo dizer que tirar as armas vai reduzir a violência. Desarmaram a população da Alemanha e foi um desastre", comparou. Para José Maria Ferreira (PMDB), Raul Jungman foi infeliz ao agredir as pessoas que têm outro posicionamento e afirmar que está sendo criada a frente "Pró-bala". O deputado garantiu que nunca portou arma, mas o estado não pode tirar esse direito do cidadão sem oferecer a segurança necessária para sua família. Ferreira reprova ainda a previsão de gastos de R$ 570 milhões no referendo, dinheiro suficiente para construir 44 penitenciárias. O governo, segundo ele, poderia economizar os recursos se o plebiscito fosse realizado junto com as eleições de 2006.

Rafael Greca (PMDB) alerta que o plebiscito pode ser uma "cortina de fumaça" para desviar a atenção da crise política em Brasília. Augustinho Zucchi (PDT) considera um "acinte" fazer um referendo no meio de tanta violência. "Os ricos andam cercados de segurança particular e vão continuar se protegendo. A classe média é que vai sofrer as conseqüências", comparou.

Mercado ilegal

O deputado Élio Rusch disse que a proibição da comercialização legal de armas vai estimular o mercado negro, assim como já ocorre com os marginais que compram armamento no Paraguai. O Estatuto do Desarmamento, segundo ele, já trouxe avanços na área e atualmente, só o "cidadão de bem" pode adquirir arma no Brasil, mediante comprovação de antecedentes criminais, trabalho fixo, exame de sanidade mental e certificado da Escola de Tiro. "Não estamos estimulando que o cidadão saia com o revólver na cinta, mas que possa ter em casa uma arma para se defender", afirmou.

A Frente vai iniciar nesta semana uma campanha nos órgãos de imprensa, entidades organizadas e faculdades para convencer o eleitor a votar contra o desarmamento.

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