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A cidade indignada com a violência que não suporta mais conta nesta sexta-feira seus mortos, numa manifestação liderada pelo vocalista da banda Detonautas, Tico Santa Cruz. A partir das 16h desta sexta-feira, pessoas se vestirão com sacos pretos e deitarão nas escadarias da Assembléia Legislativa, num ato chamado de "Contagem de Corpos". Segundo Santa Cruz, que perdeu o amigo Netinho, da mesma banda, assassinado por assaltantes , a população precisa tomar consciência de que é se movimentando que vai conseguir mudar alguma coisa.

- Infelizmente as pessoas sofrem as consequências na pele e acabam aderindo por isso. Só espero que não seja preciso que todos sofram essas conseqüências para que alguma coisa mude - diz o músico.

Que é preciso mudar, quase todo mundo sabe. As mortes de um menino de seis anos, arrastado num carro por sete quilômetros; de uma pré-adolescente de 12, vítima de tiro em operação policial numa comunidade carente; e de um rapaz de 18, baleado com outros colegas na porta do colégio onde estudava, são absurdas e chocam mesmo. Assim como chocam as imagens de policiais armados de fuzis revistando, em nome do combate ao crime, mochilas de crianças de 5, 6 e 7 anos com uniformes de escolas públicas. É preciso mudar o absurdo quadro de policiais mortos em seqüência (12 nos últimos sete dias) e de inocentes atingidos por balas perdidas. Mas o que fazer para mudar? Especialistas e opinião pública divergem dos caminhos a seguir.

O Rio que não suporta mais a violência fará na tarde desta sexta uma manifestação. Para contar corpos desta guerra que parece não ter fim. Guerra que faz vítimas a cada dia. Nesta mesma sexta da manifestação, mais gente morreu em operação na Favela Antares, na Zona Oeste. Nesta mesma sexta, uma das vias expressas da cidade foi novamente fechada por causa de tiroteio. Na noite anterior, tiros levaram pânico a um dos redutos mais charmosos e conhecidos da boemia carioca, o Baixo Gávea.

- Não sinto raiva do homem que fez aquilo. Tenho raiva é do Estado. Se ele fez aquilo, foi porque não teve condições de estudar como eu. O Estado não faz nada - desabafa a modelo Bia Furtado , que escapou da morte após ser queimada com outros passageiros num ataque a ônibus em que morreram nove pessoas.

O cartunista André Dahmer, criador do site Rio Body Count, que contabiliza o número de mortes violentas ocorridas no Rio, alerta:

- A violência não será contida por esse estado truculento que fizemos para nós. A paz vai se fazer com uma contrapartida, que é gerar oportunidade. O garoto de 10 anos tá lá na Maré soltando pipa. Alguém vai buscar os serviços dele. Paz pela paz não é presente de Papai Noel. Os cariocas não vão ganhar a paz de Natal. A gente precisa mudar o foco da discussão.

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