• Carregando...

Ás vésperas do depoimento do deputado José Dirceu na Comissão de Ética da Câmara, nesta terça-feira, o nome de um assessor do ex-ministro surge como mais um dos supostos beneficiados por saques nas contas do publicitário Marcos Valério no Banco Rural.

Segundo a revista Veja, em sua edição deste final de semana, a CPI dos Correios descobriu um documento em que um dos principais ajudantes de Dirceu, Roberto Marques, conhecido como "Bob", foi autorizado em junho do ano passado a fazer um saque de R$ 50 mil na agência do banco na avenida Paulista, em São Paulo. Bob nega que tenha feito o saque e acha que foi "tudo armação" para prejudicar o ex-ministro num momento em que a sua convocação para depor na CPI entra numa semana decisiva.

De acordo com documento reproduzido pela revista e que foi apreendido pela Polícia Federal na agência do Banco Rural em Belo Horizonte, o nome de Roberto Marques está entre as pessoas autorizadas a sacar dinheiros nas contas de Marcos Valério. O documento é um fax com papel timbrado do Banco Rural enviado à agência da avenida Paulista no dia 15 de junho do ano passado, no qual um funcionário de Belo Horizonte encaminha uma autorização para "o sr Roberto Marques receber a quantia de 50.000, referente ao cheque 414270, da empresa SMPB Comunicação".

Os integrantes da CPI apuraram, segundo a revista, que a autorização dada a Bob Marques, no entanto, foi usada no dia seguinte por Luiz Carlos Mazano, para fazer o saque em seu nome. Mazano é contador da corretora Bonus-Banval, de São Paulo, que também estava autorizado a fazer o saque. O nome de Mazano e a corretora já foram envolvidos na CPI dos Correios. Em nome da Bonus-Banval, o funcionário Benoni Nascimento de Moura fez um saque de R$ 225 mil.Sobre esse saque, a Bonus-Banval diz que ainda está fazendo uma auditoria para descobrir se houve alguma irregularidade cometida pelo funcionário Benoni.

Quanto a Roberto Marques, a corretora disse que não conhece e nunca ouviu falar no nome do ajudante de José Dirceu. Até o final do ano passado, essa corretora empregou como estagiária Michele Janene, filha do deputado José Janene (PP-PR), suspeito de ser um dos operadores do "mensalão". Ontem, em depoimento na PF, o assessor de Janene, João Claudio Genu, confirmou que recebeu malas de dinheiro do esquema de Marcos Valério para distribuir a deputados do PP, inclusive Janene, Pedro Correa (PE) e Pedro Henriy (MT).

Ao ser procurado pela revista para falar sobre o saque, Roberto Marques teria dito que nunca esteve no Banco rural, não sacou o dinheiro e acha que seu nome foi usado indevidamente.

"Só em São Paulo existem 5000 pessoas com o mesmo nome. Pode ser então uma armação para complicar a vida do Zé Dirceu", disse Bob Marques, segundo a Veja. Bob é um ajudante geral de José Dirceu. Ele é funcionário da Assembléia Legislativa de São Paulo, mas serve ao ex-ministro como uma espécie de "pau para toda a obra". Ele acompanha o ex-ministro emviagens, carrega suas malas, marca seus compromissos em agenda e até já representou Dirceu em eventos oficiais quando ele era ministro.

"Sou amigo do Zé há 20 anos. Faço companhia a ele nos fins de semana e ajudo no que for possível", disse Bob Marques à revista, voltando a negar que dinheiro de Valério nunca sacou.

Ouvido pela Veja, o deputado Carlos Abicalil (PT-MT), membro da CPI dos Correios, confirma que o Roberto Marques autorizado a sacar os R$ 50 mil no Banco Rural é mesmo o assessor de José Dirceu. Abicalil confirma que foi procurado pelo próprio bob Marques, na semana retrasada, para tentar esclarecer o aparamento de seu nome nos documentos do Banco Rural. De acordo com o deputado, o assessor de José Dirceu repassou o número de sua identidade e de seu CPF à CPI e o resultado da pesquisa é que o número do RG conferia e que só nãoconferia o saque.

Segundo a revista, Dirceu sabia que o documento com o nome de seu auxiliar apareceria maiscedo ou mais tarde. Bob Marques já teria também conversado com o deputado sobre o assunto bem antes de o documento aparecer na CPI. Dirceu chegou a procurar o presidente da CPI, senador Delcidio Amaral (PT-MS) para falar sobre o assunto.

Delcidio chegou a ir à casa de Dirceu na terça-feira passada. Os dois tiveram uma conversa difícil, segundo a revista apurou. O ex-ministro teria proposto a Delcidio que a CPI não o convocasse para depor, em troca de não se chamar o presidente do PSDB, Eduardo Azeredo. Delcidio teria desconversado. Parlamentares dizem que Dirceu chegou a propor em "sumir" com a autorização de saque para Bob, argumentando que era um papel avulso sem valor jurídico.

Segundo a revista, o ex-ministro diz que o documento é uma "plantação" para prejudicá-lo.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]