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Além da crise financeira, os deputados federais também devem começar a discutir com mais intensidade a eleição do novo presidente da Câmara, marcada para fevereiro. Enquanto o deputado federal Michel Temer (PMDB-SP) articula com líderes da base aliada sua candidatura à presidência, o baixo clero da Casa começa a se organizar para tentar uma reviravolta. Pelo menos dois deputados já aparecem como candidatos dos "insatisfeitos": o paranaense Osmar Serraglio (PMDB) e Ciro Nogueira (PP-PI).

Serraglio garante que, se o cenário para a disputa da presidência da Câmara continuar como está agora, ele se lançará como candidato avulso. "Se eu tivesse certeza de que ele (Michel Temer) iria ganhar, eu nem pensaria em me candidatar. Mas tem muita gente voltando magoada da eleição municipal. Muitos que não receberam o apoio que esperavam da base aliada e estão realmente insatisfeitos."

É nesses insatisfeitos, muitos do próprio PMDB, que pode estar o ponto fraco de Temer. "Dentro do partido mesmo há dissidentes e pode acontecer uma rebelião. Os líderes do partido e do governo terão de fazer bem a costura política para conseguir ter o resultado que desejam", afirma o cientista político Hugo Eduardo Meza Pinto, da Universidade Positivo e da Faculdade Santa Cruz.

A pré-candidatura de Ciro Nogueira torna ainda mais necessária essa articulação dos líderes da base aliada com os demais deputados. Considerado um nome forte entre o chamado baixo clero, Nogueira pode ser uma das surpresas na eleição. "O que se chama de baixo clero, eu chamo de maioria. E ninguém consegue ser eleito sem essa maioria", diz o deputado, que é segundo-secretário da Câmara.

O candidato afirma que o acordo feito entre PMDB e PT para alternarem-se na presidência da Câmara tem deixado muitos deputados insatisfeitos. "Com esse acordo, eles deixam alijados os deputados que não fazem parte desse grupo. Para ganhar a presidência, é preciso mostrar que é melhor em propostas. Não se pode ganhar a presidência da Câmara apenas com um acordo", diz Nogueira.

O poder numérico do baixo clero e a insatisfação dos deputados foram os ingredientes que levaram o ex-deputado Severino Cavalcanti (PP-PE), candidato independente, à presidência da Casa em 2005. A eleição, em 2007, de Osmar Serraglio para a primeira-secretaria também foi outra mostra de que nem sempre os parlamentares engolem as indicações dos líderes. Na época, Serraglio saiu candidato avulso ao cargo e conseguiu vencer o nome oficial do PMDB, deputado Wilson Santiago (PB).

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