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 | LUIS CRUVINEL/CAMARA FEDERAL
| Foto: LUIS CRUVINEL/CAMARA FEDERAL

Dividida sobre a melhor estratégia para barrar a candidatura do líder do PMDB na Câmara, Eduardo Cunha (RJ), a bancada do PT decidiu na noite desta quarta-feira (10) lançar o nome do ex-líder do governo e ex-presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), para negociar com uma frente de partidos da base sua candidatura a presidente da Casa. Em reunião com Chinaglia e outros parlamentares, o ex-presidente Lula alertou sobre o risco de uma derrota na disputa, e os reflexos para o governo da presidente Dilma. Segundo o líder Vicentinho (PT-SP), será um nome para reflexão, que poderá ser oficializado na próxima terça-feira caso haja concordância do coletivo PROS/PCdoB/ PDT/PHS/PEN.

Ao apresentar uma mini-plataforma de candidato, Chinaglia disse estar conversando também com partidos de oposição — incluindo PSDB e DEM —, para tentar neutralizar uma frente anti-PT na disputa pela Câmara, com o apoio a Eduardo Cunha. O petista disse que já vem tendo conversas informais com esses partidos e com certeza terá votos tanto do PSDB quanto de outros partidos de oposição. Segundo Chinaglia, a ideia é "esfriar" o processo e seu nome foi lançado, por enquanto, "para ver se cola". "Pode ter esse sentimento anti-PT que poderá se expressar na disputa da Câmara, em função da dureza da disputa presidencial. Mas se a Oposição quiser uma discussão programática estamos abertos a conversar. Não rechaço nenhuma boa idéia", disse Chinaglia.

Debate acalorado

Foi uma reunião com debate acalorado. A bancada se dividiu entre os que queriam anunciar já o apoio a Eduardo Cunha, os que preferiam buscar um nome viável fora do PT, para fugir do sentimento anti-PT, e os que acabaram vencendo, que defendiam lançar um quadro próprio do partido. "Em todas as conversas que temos avaliamos: tem algum nome de peso que não tenha a rejeição de ser do PT hoje? Porque a polarização é contra o PT, não é contra Eduardo Cunha", afirmou o petista.

O apoio a Júlio Delgado (PSB-MG), disseram os líderes, está fora de questão. Tanto pelo apoio ao tucano Aécio Neves (PSDB-MG) quanto pela relatoria que culminou na cassação do ex-ministro José Dirceu. "Sacode, sacode e não aparece nenhum nome forte fora do PT", disse o ex-líder José Guimarães (PT-CE), explicando que o nome de Chinaglia, ao contrário de Eduardo Cunha, ainda não é irreversível, mas que buscaram alternativas fora do PT.

Outra divergência na bancada foi sobre o envolvimento do governo na disputa. Uma corrente defendeu que , antes da oficialização do candidato, o PT tinha que conversar primeiro com o Planalto, até terça-feira. Mas Chinaglia foi da corrente que rejeitou a tese, com o argumento da independência dos poderes. Teme que o envolvimento do Planalto tire votos do candidato petista.

Ele lançou uma mini-plataforma para sustentar as negociações: recuperação do patamar de discussão política, reforma tributária, nova lei de licitações e retomada da interlocução com a sociedade. E não fugirá da pauta corporativa que agrada o baixo clero. Disse que quando saiu da presidência da Casa, deixou R$300 milhões para a construção de um novo prédio de gabinetes — o projeto de replicação do anexo IV foi negociado com Oscar Niemeyer — e um estacionamento com mais 3.500 vagas. "A pauta corporativa eu vou fugir dela? Não necessariamente. Um aumento de salário, muitas vezes não é um aumento, é apenas um reajuste", disse Chinaglia.

Após o anúncio, os deputados foram para um encontro com Lula. Perguntado se o ex-presidente avalizaria a decisão, Vicentinho respondeu: "Conversamos hoje cedo com Lula e ele nos disse: se virem."

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