Confirmando a inclinação conservadora da atual legislatura, o plenário da Câmara dos Deputados aprovou nesta quinta-feira (18) alterações contrárias ao aborto e à ideologia de gênero na medida provisória 696/2015, que reduziu e reagrupou o número de ministérios do governo.

CARREGANDO :)

As mudanças se deram no capítulo que trata do ministério das Mulheres, Igualdade Racial e Direitos Humanos, que unificou três antigas pastas do governo.

A primeira mudança introduziu na MP a determinação de que a pasta, na coordenação da política nacional de direitos humanos, leve em conta as diretrizes não só do Programa Nacional dos Direitos Humanos, mas também da Convenção Americana sobre Direitos Humanos.

Publicidade
Veja também
  • Cunha anuncia que não vai esperar STF para eleger comissões permanentes na Câmara
  • CPI dos Fundos de Pensão é prorrogada com ajuda da base aliada
  • Troca de partido pode ser feita por 30 dias, sem perda de mandato

A emenda, assinada pelo deputado Alan Rick (PRB-AC), da bancada evangélica, tem o objetivo de ressaltar o ponto da convenção que fala do direito à vida “desde o momento da concepção”.

O presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que é da bancada evangélica, declarou a emenda aprovada sem a realização de votação nominal, se fiando na manifestação dos deputados presentes no plenário. A votação nominal poderia ter sido solicitada, mas as bancadas contrárias ao texto, entre elas o PT, não fizeram o pedido a tempo.

No Brasil o aborto é crime, com exceção dos casos de estupro, risco de morte da mãe e nos casos de fetos anencéfalos. A bancada religiosa faz intenso lobby no Congresso e no governo contra qualquer alteração liberalizante ou projeto de descriminalização.

Já a segunda mudança foi a voto. Por 188 votos contra 166, os deputados aprovaram a retirada da MP da previsão de que o ministério das Mulheres, Igualdade Racial e Direitos Humanos planeje “a incorporação da perspectiva de gênero” na promoção da igualdade entre mulheres e homens.

Publicidade

A bancada evangélica foi aos microfones dizer que o texto representava a destruição da família brasileira. Para o deputado João Campos (PSDB-GO), o ministério pode promover políticas direcionadas à comunidade LGBT, “mas ter a ideologia de gênero como diretriz é que não dá”.

Deputados de partidos de esquerda protestaram: “Na próxima vamos eleger um aiatolá aqui”, ironizou Ivan Valente (PSOL-SP). “Esse fundamentalismo tem que acabar no Congresso Nacional”, reforçou Jandira Feghali (PC do B-RJ).

A medida provisória diminuiu o número de ministérios do governo Dilma de 39 para 31. O texto agora segue para votação no Senado.