O ex-ativista de esquerda Cesare Battisti deixa a prisão em Brasília na quarta-feira. A Itália condenou nesta quinta-feira a decisão do Supremo Tribunal Federal de negar a extradição do ex-ativista de esquerda Cesare Battisti, afirmando que a medida "lamentável" viola os tratados internacionais e humilha vítimas de terrorismo no país| Foto: REUTERS/Ricardo Moraes

O ex-ativista italiano Cesare Battisti solicitou nesta quinta-feira (9) ao Ministério do Trabalho, por meio de um representante, pedido de visto de permanência no Brasil. O pedido, de acordo com a assessoria do ministério, será encaminhado ao Conselho Nacional de Imigração. O pedido será analisado pelos conselheiros do órgão em reunião marcada para 22 de junho.

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Se obtiver visto permanente, Battisti poderá continuar legalmente no Brasil. Ele ficou preso no Brasil por mais de quatro anos e atualmente está sem passaporte ou visto de autorização para permanecer no país.

De acordo com o Ministério do Trabalho, o Conselho Nacional de Imigração " é um órgão colegiado, vinculado ao Ministério do Trabalho e Emprego, que tem por finalidade, entre outras coisas, coordenar e orientar as atividades de imigração e dirimir dúvidas e solucionar casos omissos e situações especiais, no que diz respeito a imigrantes".

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Battisti deixou o Complexo Penitenciário da Papuda, em Brasília, às 00h07 desta quinta-feira (9). O italiano foi libertado por decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) nesta quarta-feira (8).

Battisti, de 55 anos, foi condenado à prisão perpétua na Itália por quatro assassinatos. Ele integrou o grupo Proletários Armados pelo Comunismo (PAC), braço das Brigadas Vermelhas, grupo armado mais ativo durante a onda de violência política que atingiu a Itália quatro décadas atrás.

O advogado de defesa, Luís Roberto Barroso, disse a jornalistas um pouco antes da soltura que não sabia informar o destino do ex-ativista. De acordo com o advogado, Battisti precisa "se recompor" antes de conversar com a imprensa. O italiano foi para um hotel em Brasília, mas a direção do hotel não confirma se Battisti ainda está hospedado no local.Manifestação dos governos

O assessor da Presidência para Assuntos Internacionais, Marco Aurélio Garcia, disse nesta quinta que o governo italiano "tem todo direito" de recorrer à Corte Internacional de Justiça, em Haia, na Holanda, contra a decisão do Brasil de não extraditar o ex-ativista Cesare Battisti.

"Esse problema está circunscrito à decisão judicial. A Itália tem todo direito de usar as prerrogativas que lhe pareçam necessárias. Não está mais nas mãos do Executivo", afirmou.

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O ministro das Relações Exteriores da Itália, Franco Frattini, manifestou em comunicado sua "profunda tristeza" com a sentença, e afirmou que "essa decisão ofende o direito de justiça das vítimas dos crimes de Battisti e é contrária às obrigações aprovadas nos acordos internacionais que unem os dois países".

O chefe da diplomacia italiana destacou que a Itália "ativará imediatamente" todos os mecanismos de tutela jurisdicional perante as instituições multilaterais, "especialmente perante a Corte Internacional de Haia, para conseguir a revisão de uma decisão que não se considera coerente com os princípios gerais do direito e com as obrigações previstas no direito internacional".

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