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“Se o registro fosse cassado antes da eleição, apenas o Belinati estaria perdendo. Depois da eleição, o tribunal está afrontando o desejo do povo de Londrina.” | Pedro Serápio/Gazeta do Povo
“Se o registro fosse cassado antes da eleição, apenas o Belinati estaria perdendo. Depois da eleição, o tribunal está afrontando o desejo do povo de Londrina.”| Foto: Pedro Serápio/Gazeta do Povo

As vitórias eleitorais do PP em Maringá e Londrina consolidaram os planos de candidatura ao Senado do presidente estadual do partido, deputado federal Ricardo Barros. O parlamentar aponta a legenda como a terceira força do estado, com voz em qualquer aliança em 2010. Segundo ele, o PP tem o diferencial de manter boas relações com todas as alas políticas do Paraná.

Desde a semana passada, Barros também tem sido peça-chave em Brasília para garantir a posse de Antonio Belinati, que teve o registro de candidatura a prefeito de Londrina cassado pelo Tribunal Superior Eleitoral na semana passada. "Se o registro fosse cassado antes da eleição, apenas o Belinati estaria perdendo. Depois da eleição, o tribunal está afrontando o desejo do povo de Londrina."

No que o resultado das eleições muda a trajetória do PP?

O PP é a terceira força do Paraná hoje. Em número de prefeitos, empatamos com o PSDB, com 40 cada um. Em número de votos, ficamos na frente do PDT do senador Osmar Dias, a grande liderança política do Paraná, e do PT, que é o partido do presidente Lula. O trabalho que realizamos, de visitar todos os diretórios, todos os 399 municípios do estado foi bem-sucedido. O PP será uma força política com voz em 2010.

Tanto nacionalmente quanto no Paraná, o PP tem a imagem associada a políticos com problemas na Justiça, como Paulo Maluf, Severino Cavalcanti, José Janene e Antonio Belinati. Isso ajuda ou atrapalha?

O brasileiro vota nas pessoas. Temos o nosso presidente, Francisco Dornelles (senador pelo Rio de Janeiro), que tem 50 anos de vida pública, foi ministro por três vezes, em governos diferentes. É uma reserva moral. Como todos os partidos, temos filiados com diferentes trajetórias políticas. Penso que hoje vivemos o PP do Dornelles. Tenho muito orgulho de ser liderado por uma pessoa como ele.

O PP tem condições de eleger o deputado federal Ciro Nogueira (PI) presidente da Câmara?

Vou falar de novo: a eleição é das pessoas e não dos partidos. O Ciro Nogueira faz um trabalho muito forte, pessoal, de relacionamento com os colegas. Evidentemente que com apenas 41 deputados não temos condições de elegê-lo sozinho. Mas o presidente pode sim ser um dos nossos filiados, pelo seu valor pessoal.

O PP vai manter a postura de 2006 nas eleições estaduais e apoiar uma possível candidatura do senador Osmar Dias a governador?

Já estivemos com o senador antes e se ele for candidato a tendência do partido é acompanhá-lo. Mas o PP hoje tem trânsito livre com todas as alas políticas do Paraná. Estamos muito bem com o governador Roberto Requião (PMDB), embora sejamos oposição na Assembléia Legislativa. Eu também me dou muito bem com o PT, afinal sou vice-líder do governo na Câmara. Somos também aliados do Beto Richa (PSDB) em Curitiba pela segunda vez. Vamos aguardar o posicionamento das candidaturas para adotar uma postura.

Há chance de a base aliada do governo Lula juntar-se em um bloco no Paraná em 2010 para viabilizar a candidatura de Osmar Dias?

Isso depende da postura política das lideranças do Paraná. Nós temos visto que o PSDB tem se demonstrado interessado em disputar a eleição de 2010 com candidato próprio. Com isso, a candidatura do Osmar se torna mais viável para esse bloco. Mas acredito que há um entendimento preferencial entre os partidos que apoiaram o senador em 2006, que inclui o DEM e o PPS (legendas de oposição a Lula no Congresso). O Paraná terá na verdade uma sucessão que vai depender da decisão do Osmar Dias – manter-se na aliança com o PSDB ou montar um bloco de partidos aliados ao governo federal. Nas duas opções, considero que ele é um candidato muito forte, que deve vencer.

Como o senhor vê um potencial embate entre Osmar e Beto Richa?

Não vejo essa possibilidade. Não me parece razoável que o Beto Richa deixe a prefeitura para disputar a eleição contra o Osmar Dias. Não pelo relacionamento pessoal e político entre eles, mas pelo risco político. O senador fez 50% dos votos na eleição passada. Não acho também que o prefeito tenha essa vontade pessoal de concorrer a governador. Isso parte mais das pessoas que estão em torno dele, que procuram ampliar o seu espaço próprio. Se o Beto perder, essas pessoas continuam na prefeitura com seu espaço. Se ele ganhar, elas avançam, ou seja, não têm nada a perder.

O senhor é candidato ao Senado?

Pretendo ser em 2010. Estou trabalhando muito para isso. Fiz um esforço para o crescimento do partido, que deu um bom resultado. Temos uma estrutura política grande, como a prefeitura de Maringá, a representação da Cida Borghetti na Assembléia. Somos um partido estruturado e vamos pleitear o nosso espaço na eleição majoritária de 2010.

O que o senhor prevê na disputa ao Senado? Quem são os principais rivais atualmente?

De verdade mesmo, temos a candidatura do governador Requião, que também poderá concorrer a deputado federal, por razões internas do PMDB, a do Abelardo Lupion (deputado federal e presidente estadual do DEM) e a minha. Não vejo mais ninguém se esforçando para ser senador. É evidente que há pessoas esperando um convite, uma carona, em uma estrutura que já esteja andando por outras razões.

O senhor acha mesmo que o governador possa ser candidato a deputado? Não seria uma surpresa?

Não será uma surpresa. Será uma contingência da situação política que ele venha a enfrentar. Consolidada a candidatura do Orlando Pessuti (vice-governador) ao governo, o que eu acredito mesmo que deverá ocorrer, o Requião terá de avaliar muito mais atentamente as suas reais condições de vencer na disputa para o Senado. Embora eu reconheça que ele tem uma ampla liderança e a possibilidade de construir um bom relacionamento com os novos prefeitos que vão assumir.

O senhor acredita que Belinati será o prefeito de Londrina?

Tenho absoluta certeza. O Belinati foi vítima de uma pirotecnia do Tribunal Superior Eleitoral. Não penso que ele deva perder o registro da sua candidatura. Se o registro fosse cassado antes da eleição, apenas o Belinati estaria perdendo. Depois da eleição, o tribunal está afrontando o desejo do povo de Londrina. Não é uma coisa para ser enfrentada dessa maneira. Há uma jurisprudência de 14 anos que garante que a liminar no Tribunal de Contas suspendia a inelegibilidade. Só para o caso do Belinati isso mudou. No mesmo dia do julgamento dele, o ministro Joaquim Barbosa relatou um processo idêntico e considerou o candidato elegível. Logo depois, votou contra o Belinati. É evidente que isso não pode prevalecer. A justiça deve ser igual para todos.

No caso de ele não ser empossado, o que o senhor acha mais justo?

Conversei muito longamente com advogados que atuam tanto no TSE quanto no Supremo Tribunal Federal e não vejo possibilidade de ele não ser confirmado prefeito de Londrina. Ele cumprirá o seu 11º mandato eletivo, coroando uma carreira de muitos serviços prestados a Londrina e ao Paraná.

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