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"A questão do deslocamento ficou reduzida ao carro e ao ônibus, o que é um erro. Temos de expandir a conversa para outras categorias, como o pedestre e o ciclista. Parte da solução pode estar aí, mas não há políticas para essas modalidades. Basta calcular o tempo dos sinaleiros do Centro. São um inferno para os idosos", ilustra a psicóloga Iara Thielen, no Núcleo de Psicologia do Trânsito da UFPR.

No que é apoiada pelo arquiteto e urbanista Fábio Duarte. "Cidades como Paris ou Bogotá estão mostrando que uma das saídas é melhorar as condições de quem faz pequenos deslocamentos, já que os médios e longos serão fatalmente feitos de carro. Faltam boas condições para quem caminha. Poderíamos ter bicicletários nas estações, favorecendo o usuário a ir de bicicleta até o ponto do ônibus", sugere.

Idéias não faltam. As soluções alternativas passam ainda pelo pedágio urbano e pelo rodízio. Para Marcelo Araújo, contudo, Curitiba não se daria muito bem com esses modelos. A classe média compraria carros baratos para desviar do rodízio. E o pedágio urbano seria inútil se contemplasse apenas o Centro, já que Curitiba tem núcleos comerciais fortes espalhados pelos bairros, a exemplo do Boqueirão, do Portão e do Bacacheri. Resta apostar numa mudança de cultura. "O elegante na Europa, e mesmo em Nova York, é chegar de metrô ou de bicicleta, não de Limousine. Acho difícil o brasileiro raciocinar dessa maneira. Carro aqui é status", diz, pragmático, o advogado.

Tributação

Outra cartada é a tributação, ou seja, cobrar mais de quem usa carro e reverter o dinheiro para melhoria do transporte coletivo e em fundos de proteção ao meio ambiente. Tem dado certo por aí, mostrando que há cidades mais ligeirinhas que Curitiba (leia mais nesta página). Por fim, há quem diga que só a glamourização pode salvar o transporte coletivo de Curitiba. Se for usado por executivos, profissionais liberais e famosos, quem sabe. A reportagem partiu em busca deles. Encontrou a engenheira de trânsito Rosângela Battistella, atual diretora da Urbs. Alta, bem-vestida e uma das sumidades na matéria em todo o estado, ela faz diariamente a rota Praça da Ucrânia – Rodoviária e diz que visualiza a classe média dentro do ônibus.

Resta saber se os exemplos arrastam. Por ora, o peso da responsabilidade fica só para o poder público. Cá entre nós: está mais do que na hora de universidades e empresas privadas se coçarem e fazerem sua parte, incentivando a carona solidária e o uso do ônibus. Afinal, o que é que o mundo corporativo não consegue? Eis uma conversa que passa pela Urbs, mas também pelos escritórios.

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