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Equipes de resgate do Corpo de Bombeiros retiraram por volta das 20h25 desta terça-feira (16) o corpo da advogada Valéria Marmit dos escombros do local atingido por um desabamento nas obras da Estação Pinheiros da Linha 4 (Amarela) do Metrô de São Paulo. O trabalho de remoção havia começado por volta das 14h.

Valéria estava no microônibus que caiu na cratera aberta pelo desabamento do túnel do Metrô na tarde de sexta-feira. Mãe de três filhos, ela utilizava diariamente a linha de microônibus, que passava pela Rua Capri. O último contato do ex-marido Vágner Marmit com Valéria foi por volta das 12 horas do dia do desabamento.

Equipes de resgate do Corpo de Bombeiros começaram, por volta das 14h desta terça-feira, a retirar o corpo da advogada dos escombros. O corpo foi encontrado na tarde de segunda-feira, dentro do microônibus que foi tragado pela cratera aberta pelo desabamento da última sexta-feira. Por causa das condições de trabalho no local, os bombeiros tiveram dificuldades para retirar o corpo. Segundo a Secretaria de Segurança Pública, uma viga impediu que os bombeiros retirem a vítima com facilidade.

A viga precisou ser puxada por cabos de aço. Em nota oficial divulgada às 20h30, minutos após a retirada do corpo, a Secretaria de Segurança Pública diz que foram necessárias 8h40 de trabalho ininterrupto para a retirada do corpo da advogada. Durante a tarde, o corpo já havia sido identificado por médicos legistas do Instituto Médico Legal, por meio das impressões digitais da advogada.

Os bombeiros retomaram as buscas pelas vítimas do soterramento na manhã desta terça-feira. Cães farejadores encontraram durante a madrugada indícios de uma nova vítima, informaram os comandantes das equipes de resgate.

As operações de resgate das vítimas do deslizamento haviam sido suspensas por até três dias na noite de segunda-feira (15). O risco de desabamento levou as equipes a jatear concreto nas beiradas da cratera com o intuito de estabilizar o solo.

Uma nova avaliação dos consultores concluiu que o trabalho de concretagem garantiu a sustentação necessária no túnel da Faria Lima para a retomada imediata das buscas pelo Corpo de Bombeiros. "Se a van vai sair por cima ou por baixo é uma decisão que vai ser tomada à medida que os trabalhos forem avançando", afirmou o representante do Consórcio Via Amarela, Mário Pelegrini.

Primeira vítima

Apenas um corpo havia sido retirado desde o desabamento da cratera das obras do Metrô. É o da aposentada Abigail Rossi, de 75 anos, que passava pela Rua Capri no momento do deslizamento. Ela foi encontrada por volta das 5h desta segunda-feira (15) e enterrada no Cemitério Santo Amaro, na Zona Sul.

Desde sábado (13), as equipes de resgate trabalham com a possibilidade de até sete vítimas no desabamento. A estimativa corresponde aos sete relatos de desaparecimentos feitos na região afetada pelo acidente de sexta-feira (12): um motorista, um cobrador e dois passageiros de um microônibus, dois pedestres (incluindo Abigail) e o motorista de caminhão.

Laudo

O procurador-geral da Justiça, Rodrigo Pinho, o promotor de Justiça e Cidadania Saad Mazloum, o promotor de Habitação e Urbanismo Carlos Roberto Amin Filho e o promotor José Carlos Blat, responsável pelo inquérito criminal do acidente, junto com geólogos e engenheiros do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) e do Consórcio Via Amarela, responsável pelas obras, entraram na cratera para fazer uma vistoria e contribuir com o laudo definitivo sobre o caso, que será feito pelo IPT.

A equipe afirmou que aguarda o laudo técnico para examinar as causas do acidente e não pode antecipar qualquer conclusão. Dez técnicos do IPT devem trabalhar na execução do laudo. Após a entrega do relatório conclusivo do instituto, o Metrô vai contratar uma empresa internacional para fazer auditoria do estudo.

Segundo o secretário dos Transportes Metropolitanos, José Luiz Portella, o relatório vai identificar as causas básicas do acidente, os fatores imediatos que causaram a perda da estabilidade do solo da obra e sugerir medidas para controle e retomada dos trabalhos.

Segundo ele, a obra só será retomada depois da conclusão do relatório e a construtora terá de seguir rigorosamente essas medidas. Não foi estabelecido prazo para a conclusão do estudo.

Crime

Os responsáveis pelo desabamento podem responder por crime de desmoronamento, previsto no artigo 256 do Código Penal, cuja pena varia de um a quatro anos de prisão. A informação foi dada na tarde desta terça-feira (16) pela equipe do Ministério Público Estadual, após inspecionar o local do acidente. Como houve morte, a pena pode ser agravada em dois terços (dois anos e oito meses) por vítima.

Os acusados também podem responder por improbidade administrativa, que pode acarretar em perda da função pública, em caso dos órgãos fiscalizadores, e ressarcimento integral dos danos. Segundo os promotores, o Consórcio Via Amarela, responsável pela obra, também pode responder pelo ato de improbidade.

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