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Gestão turbulenta

Eleito prefeito de Londrina em março de 2009 depois de um polêmico terceiro turno eleitoral, Barbosa Neto (PDT) vem enfrentando uma série de denúncias em sua administração. O pedetista nega todas as irregularidades.

Pressionado

Até agora, a Câmara de Vereadores já abriu contra ele quatro Comissões Especiais de Investigação (CEIs) e chegou a pedir a cassação do mandato dele em mais de uma oportunidade.

Réveillon

Barbosa foi acusado de fazer promoção pessoal na festa do Réveillon de Luz realizada em 2010 pela prefeitura, no aterro do Lago Igapó.

Guarda Municipal

Teria havido licitação fraudulenta para a contratação do curso de capacitação da Guarda Municipal, uma vez que as aulas já estavam sendo prestadas pela Polícia Militar 50 dias antes da contratação da empresa. Dessa forma, o curso teria sido pago, mas não ministrado.

Saúde

Suspeita de desvio de recursos públicos e corrupção de agentes públicos da área da saúde. Eles teriam ligação com as Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público (Oscips) Instituto Gálatas e Atlântico, que teriam justificado pagamentos com notas fiscais "frias" para desviar recursos do Sistema Único de Saúde (SUS).

Educação

Suposta prática de ilegalidades na licitação de compra de uniformes para os alunos da rede municipal. Ao dispensar a licitação, o município utilizou a modalidade carona, na qual se baseou no registro de preços de uma cidade do interior de São Paulo. No entanto, além de os valores supostamente serem superiores aos de mercado, haveria tempo hábil para uma licitação por meio de concor­­­­rência.

Centronic

Denúncia de que pelo menos dois vigias da empresa de segurança Centronic, que eram pagos com recursos da prefeitura, cumpririam expediente na Rádio Brasil Sul, de propriedade de Barbosa Neto. A fraude teria o objetivo de esconder o fato de que a empresa não tinha vigilantes no número previsto no contrato com a administração municipal.

Ministério público

Em todos os casos, o Ministério Público Estadual (MP) ajuizou ações civis públicas por improbidade administrativa contra Barbosa ou membros da administração municipal.

Primeira derrota

Nas três vezes em que enfrentou CEIs (Guarda Municipal, Saúde e Educação), que poderiam resultar em cassação por meio de Comissões Processantes (CPs), Barbosa Neto viu os pedidos serem arquivados por falta de votos da oposição. Entretanto, no escândalo mais recente, o da Centronic, os vereadores aprovaram ontem, por unanimidade, a abertura de uma CP para investigar o prefeito.

Mensalinho

A denúncia ganhou ainda mais força na última terça-feira, com a prisão do ex-secretário de governo de Londrina Marco Cito – considerado braço direito de Barbosa – e do ex-funcionário público Ludovico Bonato, por envolvimento num suposto esquema de compra de votos de vereadores. O objetivo dos dois seria justamente evitar a aprovação da CP para investigar o caso Centronic.

O esquema, que envolveria ainda a aprovação de projetos de lei do interesse do Executivo, foi descoberto a partir de gravações feitas pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco).

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A Câmara Municipal de Londrina aprovou ontem, por unanimidade, a abertura de uma Comissão Processante (CP) para investigar o prefeito Barbosa Neto (PDT) no caso Centronic. O pedetista é acusado de utilizar o serviço de pelo menos dois vigias da empresa de segurança, que eram pagos pela prefeitura, na Rádio Brasil Sul, de sua propriedade. Essa era a quarta tentativa da oposição de aprovar um pedido de cassação contra Barbosa nos últimos 11 meses – os outros três foram arquivados (leia mais no quadro ao lado).

Até o início da semana, a abertura da CP caminhava novamente para o arquivamento. No entanto, a prisão em flagrante na última terça-feira do ex-secretário de governo Marco Cito – considerado braço direito de Barbosa – e do ex-funcionário público Ludovico Bonato colaborou para o próprio governo jogar a toalha e aceitar a abertura da comissão.

A partir de gravações feitas pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), os dois foram presos por envolvimento num suposto esquema de compra de votos de vereadores. Um dos objetivos do pagamento de propina seria justamente evitar a aprovação da CP para investigar o caso Centronic.

Sem afastamento

Como a instalação da CP foi aprovada por unanimidade, a tese da oposição de pedir o afastamento do pedetista do cargo ficou fragilizada. Isso porque já não será mais possível falar em interferência dele nas investigações. Até agora, essa tese tinha força devido ao episódio da tentativa de suborno a vereadores.

A partir de agora, a comissão tem 90 dias para encerrar os seus trabalhos. Coincidentemente, o prazo se encerrará no final de julho, em plena campanha eleitoral, depois de os partidos terem definido seus candidatos à eleição municipal. Por enquanto, Barbosa reluta em se colocar publicamente como candidato à reeleição.

Queda de braço

O clima na Câmara de Londrina foi tenso durante toda a sessão de ontem. Logo no início da tarde, Barbosa apareceu de surpresa em plenário e tentou, sem sucesso, discursar na tribuna – a Casa nega que ele tenha feito o pedido oficialmente. Cercado por repórteres e manifestantes, o pedetista negou as irregularidades apontadas pela oposição, a quem acusou de estar obstruindo a pauta, levando à falta de votação de projetos importantes para a cidade. Em seguida, anunciou ter liberado a base governista para votar a favor da CP.

Em meio ao tumulto, manifestantes contra e a favor do pedetista quase entraram em confronto, mas foram contidos pelos seguranças da Câmara. Enquanto um lado exaltava o nome do prefeito, o outro gritava "ladrão" e "fora Barbosa".

11 vereadores são intimadospara depor

O Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) interrompeu a sessão de ontem na Câmara de Londrina para intimar 11 vereadores a prestarem depoimento na investigação sobre o suposto pagamento de suborno a parlamentares para votarem contra a instalação da Comissão Processante (CP) da Centronic. Como Barbosa Neto tem foro privilegiado, o Gaeco expediu ofício para que ele escolha data, local e hora para depor.

Hoje, serão ouvidos o atual secretário de Gestão Pública, Fábio Reali; o servidor público Ezídio Botelho; o assessor da Sercomtel Alysson Carvalho; e o chefe de gabinete do prefeito, Rogério Ortega.

"São nomes que surgiram em depoimentos, dados e informações levantadas, mas não quer dizer que necessariamente sejam todos suspeitos", afirmou o delegado Alan Flore, do Gaeco, que evitou antecipar detalhes da investigação.

Com a decretação da prisão preventiva de Marco Cito e Ludovico Bonato, o Gaeco tem até a próxima quinta-feira para finalizar todos os depoimentos e indiciar suspeitos para a formulação de uma denúncia criminal na Justiça.

Segundo Flore, a manutenção da prisão preventiva dos dois é uma forma de "resguardar as investigações em curso". Ao mesmo tempo em que recolhe informações em depoimentos, o Gaeco continua no rastro da origem dos R$ 20 mil apreendidos com Bonato na terça-feira, quando foi preso em flagrante tentando subornar o vereador Amauri Cardoso (PSDB). "Temos indicativos de qual seria a origem do dinheiro. É importantíssimo sabermos, sobretudo, por quais mãos esse montante passou", disse o delegado.

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