A Câmara começou a analisar na tarde desta quarta-feira o processo de cassação do mandato do deputado José Mentor (PT-SP), acusado de envolvimento no esquema do mensalão. O primeiro a se pronunciar na tribuna foi o deputado Nelson Trad (PMDB-MS), relator do processo contra o petista no Conselho de Ética. Ele disse que Mentor feriu a ética parlamentar .
Duzentos e dois deputados ameaçam votar em aberto para protestar contra as absolvições de outros acusados de envolvimento no mensalão. Mas o presidente da Câmara, Aldo Rebelo, avisou que não aceitará a abertura do voto no julgamento para não dar brecha a questionamentos jurídicos que possam anular a votação. A mesa diretora chegou a cogitar o adiamento da votação para garantir o prazo regimental para recurso, mas, como Mentor abriu mão da prerrogativa, Aldo Rebelo decidiu manter a votação para esta quarta.
A sessão começou com quórum baixíssimo. O vice-presidente da Câmara, José Thomaz Nonô (PFL-AL), chegou a apresentar uma questão de ordem para adiar a votação alegando que o quórum já indicava o resultado, já que são necessários 257 votos para cassar um mandato de deputado. No entanto, Aldo Rebelo não aceitou o adiamento afirmando que há 430 parlamentares com presença registrada na Câmara e que eles comparecerão ao plenário.
A galeria do plenário está lotada de simpatizantes de Mentor. Com o julgamento dele, restarão apenas Vadão Gomes (PP-SP) e José Janene (PP-PR) para serem julgados por envolvimento com o valerioduto.
Em sua defesa, Mentor voltou a dizer que os R$ 120 mil sacados numa conta do empresário Marcos Valério no Banco Rural destinavam-se a pagar por serviços de consultoria advocatícia prestados a Rogério Tolentino, sócio de Valério . Disse ainda que a mídia "deu guarida" a muitas invencionices".
O Conselho de Ética da Câmara aprovou o pedido de cassação de Mentor depois de rejeitar um primeiro relatório, do deputado Edmar Moreira (PFL-MG), que pedia o arquivamento do processo. Em seu parecer, o novo relator, Nelson Trad, disse que está convencido de que o petista deve ser cassado.
No início do mês, o plenário da Câmara mais uma vez rejeitou um parecer do Conselho de Ética e absolveu o deputado João Paulo Cunha (PT-SP). Ele foi o oitavo parlamentar acusado de envolvimento no mensalão que escapou da cassação desde o início da atual crise política.



