• Carregando...

A advogada Carla Cepollina deve ser indiciada nesta segunda-feira por homicídio doloso - quando há intenção de matar - duplamente qualificado, por motivo fútil e sem chances de defesa da vítima. A polícia tem dois motivos para o indiciamento: o cruzamento de dados telefônicos de Carla, da mãe dela e do Coronel Ubiratan e também o laudo da perícia, que aponta que Carla permaneceu no apartamento de Ubiratan após a morte do coronel. Carla chegou ao Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) às 10h10m num carro da polícia, com vidros escuros. Carla deve ser acusada pela morte do coronel Ubiratan Guimarães, conhecido pelo massacre do Carandiru, ocorrida no dia 9 de setembro, mas não deve ser presa. A advogada deve responder ao processo em liberdade.

A perícia do Instituto de Criminalista concluiu que só Carla esteve no apartamento do coronel no dia 9 de setembro, um sábado, quando ele foi assassinado com um tiro.

Em entrevista ao "Fantástico" neste domingo, Carla afirmou que se considera "a pata da vez".

- A polícia está sendo pressionada, e tem que achar um culpado. Eu sou a pata da vez.

Ela afirmou também que não tinha motivos para matar o coronel.

- Você não mata uma pessoa de quem você gosta, com quem você se dá bem, com quem tem um relacionamento sólido, faltando duas semanas para a eleição, com a eleição ganha, com planos para o futuro - argumenta.

De acordo com Carla, o coronel vinha se mostrando mais tenso que o costume, tendo inclusive aumentado o número de armas guardadas em casa. Contudo, ela afirmou não saber se ele recebeu alguma ameaça.

- Não sei, porque ele me poupava disso.

A reportagem reproduziu a gravação de uma ligação telefônica com uma ameaça dirigida a Carla. Na fita, um homem diz que "você matou, você vai morrer" e que ela "vai chegar a sete palmos da terra", para encontrar o coronel.

Por fim, Carla disse que a hipótese de briga por ciúme não tem fundamento, pela personalidade do coronel.

- Ninguém mandava nele, ninguém falava o que ele tinha que fazer. Então, esse papo de que "ele não estava" ou de que "eles estavam brigados", não tinha isso. Com ele, não tinha isso. Ou era, ou não era. - diz, afirmando mais adiante:

- Como eu poderia ter uma relação de ciúme com uma pessoa livre, que faz o que quer na hora que quer, e que era um homem político?

O promotor Luiz Fernando Vanggione disse que ela é a única suspeita.

- Até o momento não há outro indício que não aponte para ela - disse Vanggione, que descarta a necessidade de pedir prisão preventiva e afirma que o indiciamento cabe à polícia.

- Temos caso de vários suspeitos que respondem o caso em liberdade. Não existe privilégio neste episódio - afirmou o promotor.

Os peritos voltaram ao apartamento e fizeram teste de tiro no apartamento do coronel. Deram seis tiros em sacos de areia e vizinhos ouviram. A perícia comprovou que os estampidos são semelhantes ao que eles acharam ter escutado no dia do crime. Na última quinta-feira, os peritos também foram ao apartamento e só vestigios de Carla foram encontrados.

Para a polícia, o crime foi passional. A advogada confessou ter discutido com o coronel antes do crime, depois que ele recebeu o telefonema de uma outra mulher, uma delegada da Polícia Federal do Pará, apontada como uma nova namorada do policial.

Carla e sua mãe, Liliana Prinzivalli, conversaram três vezes por celular na noite em que o coronel Ubiratan Guimarães foi morto. As três ligações entre mãe e filha foram feitas entre 19h30m e 20h30m, a hora seguinte à da morte do coronel, que, segundo laudo do IML foi assassinado às 19h30.

No domingo, dia em que Ubiratan foi encontrado morto, Liliana ligou para o delegado-geral da Polícia Civil em São Paulo, Marco Antônio Desgualdo.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]