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Kfouri: surpresa ao saber que o CNJ investiga um  desembargador do Paraná | Hedeson Alves/Arquivo/Gazeta do Povo
Kfouri: surpresa ao saber que o CNJ investiga um desembargador do Paraná| Foto: Hedeson Alves/Arquivo/Gazeta do Povo

Entenda o caso

Saiba mais sobre a polêmica no Judiciário:

15 de agosto

A Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB) entra no STF com uma ação direta de inconstitucionalidade questionando a resolução do CNJ que estabelece normas relativas para investigar e punir magistrados.

27 de setembro

A ministra-corregedora do CNJ, Eliana Calmon, diz numa entrevista à Associação Paulista de Jornais, relatada pelo jornal Folha de S. Paulo, que a limitação do poder do conselho de investigar e punir magistrados poderia beneficiar "bandidos de toga" infiltrados no Judiciário do país. A declaração provocou uma crise no CNJ e chegou ao Planalto e ao Congresso Nacional. No mesmo dia, o senador Demóstenes Torres (DEM) protocolou no Senado uma proposta de emenda à Constituição (PEC) para garantir o poder do CNJ de abrir processos contra juízes suspeitos de irregularidades.

28 de setembro

Com a crise instalada, o relator do processo no STF, o ministro Marco Aurélio Mello, suspende o julgamento da ação justificando que não havia "clima" para julgar o caso.

Elogio ao conselho

É preciso haver controle sobre magistrados

O relevante papel desempenhado pelo CNJ na apuração de desvios de conduta funcional e responsabilização dos magistrados faltosos com seus deveres de probidade é égide para os juízes e juízas que acreditam nos princípios democráticos e lutam pela independência judicial para continuar garantindo direitos.

José Henrique Rodrigues Torres, presidente do Conselho Executivo da Associação Juízes para Democracia

Leia matéria completa

Críticas ao CNJ

Decisão tem de ser tomada sem paixões

De um lado, vozes afirmam que revogada a Resolução 135, se esvaziará a própria existência do Conselho Nacional de Justiça (CNJ); de outro, defesas igualmente apaixonadas querem limitar tal poder. Dos magistrados em geral se exige equilíbrio e apreciação de cada caso sem paixões ou sectarismos.

Antonio Sbano, presidente da Associação Nacional dos Magistrados Estaduais

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As suspeitas de irregularidades levantadas contra um desembargador do Tribunal de Justiça do Paraná (TJ-PR) reproduzem no estado a exata situação que levou o Conselho Nacional de Justiça (CNJ), órgão externo de controle do Judiciário, a entrar em rota de colisão com tribunais de todo o país. O desembargador está sendo investigado diretamente pelo CNJ, sem que a presidência do TJ tenha sido informada. Uma ação que tramita no Supremo Tribunal Federal (STF), protocolada pela Asso­­­ciação dos Ma­­gistrados Brasi­­­leiros (AMB), pretende impedir exatamente isso. A AMB quer que suspeitas de irregularidades praticadas por magistrados só cheguem ao conselho depois de serem investigadas pelos tribunais locais.

A existência de um procedimento administrativo aberto pelo conselho contra um desembargador do Paraná foi revelada à Gazeta do Povo por uma fonte do próprio CNJ. O motivo que ensejou a abertura da investigação e o nome do magistrado não foram revelados porque novas diligências sobre o caso serão feitas durante nos próximos dias e a exposição do caso poderia colocar em risco a apuração.

A AMB entende que denúncias contra desembargadores deveriam ser sempre analisadas primeiro no estado de origem. O CNJ atuaria apenas como uma espécie de "segunda instância". No entanto, o en­­­­ten­­­­dimento não é consensual. Nesta semana, a corregedora do CNJ, Eliana Calmon, afirmou que a ação da AMB tenta reduzir os poderes de fiscalização do Conselho, o que, segundo ela, beneficiaria "bandidos de toga".

O presidente do TJ-PR, Miguel Kfouri Neto, reagiu com surpresa ao ser informado pela reportagem sobre a apuração do CNJ no Paraná. "Durante a minha gestão [desde fevereiro deste ano] não chegou nenhuma denúncia contra desembargador", disse, lembrando que o CNJ tem atribuição, se assim achar necessário, de reabrir um procedimento arquivado pelo TJ.

Segundo Kfouri, o TJ paranaense tem aberto procedimentos contra juízes principalmente em casos de retardamento de julgamento. Segundo ele, só durante a sua gestão cinco juízes foram punidos. Dois foram afastados da função e outros três podem vir a ser afastados e responder a processo caso não deem celeridade aos julgamentos.

Kfouri afirma que, antes de assumir a presidência do TJ-PR, houve casos em que desembargadores foram investigados pelo CNJ – mas em todos os procedimentos eles foram inocentados das acusações. A reportagem apurou que recentemente o CNJ arquivou procedimentos contra dois desembargadores do TJ-PR suspeitos de irregularidades.

A Gazeta do Povo apurou ainda que, das 50 condenações impostas no país pelo CNJ, nenhuma delas foi contra um desembargador ou juiz do Paraná. Desde a criação do conselho, em 2005, 24 magistrados tiveram a aposentadoria compulsória; 15 foram afastados; seis foram colocados em disponibilidade; três tiveram remoções compulsórias; e dois foram punidos com censura.

O CNJ não confirma, mas reportagem do jornal Folha de S. Paulo revelou, na semana que passou, que seriam pelo menos 35 os desembargadores de todo o país acusados de crimes. Vinte deles já foram punidos pelo conselho e, de acordo com levantamento feito pelo jornal, o STF suspendeu quase metade das punições aplicadas pelo CNJ a juízes acusados de cometer crimes.

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