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Elas estão por toda parte. Basta prestar mais atenção no semáforo, no elevador, na garagem do prédio, nas estações de trem e metrô, nos condomínios e nos corredores e lojas dos shoppings. Calcula-se que existam cerca de 700 mil câmeras espalhadas pela Grande São Paulo acompanhando cada movimento dos cidadãos e este número está crescendo em ritmo acelerado, já que no ano 2000, elas não passavam de 150 mil.

Estima-se que só na região da avenida Paulista e no bairro de Higienópolis, dois dos pontos mais vigiados da capital, existam 10 mil lentes observando o vai-e-vem das pessoas. A explicação para o paulistano viver cada vez mais num 'Big Brother' sem fim, dizem os especialistas, é uma só: a violência.

- A procura por projetos de segurança, envolvendo câmeras, já vinha crescendo. Eu recebia cerca de 35 consultas por mês. Depois dos últimos atentados, a média subiu para 40 - diz Hugo Tisaka, da NSA Brasil, uma consultoria em segurança.

O paulistano começa a ser filmado quando sai de casa e pára num cruzamento. Suas imagens são registradas quando entra no escritório, sai para almoçar e volta ao trabalho. Em média, ele pode ser filmado pelo menos dez vezes num dia. As câmeras ajudam na prevenção dos crimes e na identificação dos autores.

- Quando há monitoramento, a tendência é que os criminosos escolham alvos menos vigiados - diz Selma Migliori, presidente da Associação Brasileira das Empresas de Sistemas Eletrônicos de Segurança (Abese).

Nas 83 estações de trem da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM), por exemplo, há 765 câmeras de olho em tudo o que acontece. A instalação desses espiões eletrônicos começou em 2004 e terminou ano passado. Em junho, elas ajudaram a bater um recorde histórico: nenhuma das 83 estações foi assaltada, fato que nunca havia ocorrido em 14 anos de existência da empresa.

- Os casos de roubos começaram a cair desde 2005. Os agentes de segurança receberam mais treinamento, mas as câmeras também ajudaram muito a derrubar o número de ocorrências até chegarmos ao recorde do mês passado - diz o coronel Leopoldo Corrês Filho, gerente de segurança da CPTM.

A imagens são monitoradas em tempo real 24 horas do dia. Além dos roubos, elas ajudam a esclarecer outras ocorrências. Na CPTM, por exemplo, elas foram fundamentais para elucidar casos de violência como o dos skinheads que obrigaram dois jovens a pular de um trem em Mogi das Cruzes. Também ajudaram a identificar os assassinos de um segurança da estação Tatuapé. Desde 2004, 49 casos de roubo foram esclarecidos, com 49 prisões. No metrô de São Paulo, por exemplo, um cadeirante que entra no metrô é acompanhado desde o embarque até sair da estação de destino. Mulheres com muitas crianças ou grupos de escolas também são observados, a fim de garantir a segurança nas plataformas.

O metrô vai inaugurar até setembro um centro de controle específico para segurança pública em suas instalações. Das 649 câmeras de vigilância instaladas, hoje 199 são destinadas a monitorar o vaivém do público em suas 54 estações e 450 servem ao controle operacional. Com a mudança, serão 337 olhos eletrônicos apenas acompanhando os passageiros.

O objetivo é observar mais de perto todos os tipos de ocorrência que possam acontecer em suas dependências. Atualmente, são feitos por dia oito registros policiais, de furto a desentendimento entre passageiros. Com as câmeras, o metrô congela a imagem de criminosos que agem em suas dependências e a transforma em fotografia que espalha nas próprias estações e nas delegacias. Só de janeiro a junho deste ano 19 pessoas foram reconhecidas e presas por conta disso. Em 2005, 89 foram detidos depois do flagrante eletrônico.

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