Campanha eleitoral de 2010 em Curitiba: capital tem o maior peso eleitoral, mas não decide eleição sozinha| Foto: Daniel Castellano / Gazeta do Povo

Por pouco

Em 2006, 10 mil votos do Vale do Ribeira reelegeram Requião

No segundo turno da eleição de 2006 para governador do Paraná, o então candidato à reeleição Roberto Requião (PMDB) venceu Osmar Dias (PDT) por uma diferença de apenas 10 mil votos – sobretudo dos municípios pequenos do Vale do Ribeira. "Algumas regiões do Paraná, onde o governo tinha alguns programas sociais, fizeram a diferença na conta final", comenta Elve Cenci, analista político da Universidade Estadual de Londrina (UEL).

Além dos programas sociais da gestão Requião, o que pesou naquela eleição foi a fidelidade de prefeitos aos nomes mais tradicionais da política paranaense. "A fidelidade às famílias tradicionais é uma característica forte do estado e muitos prefeitos têm esse vínculo. Isso foi e é decisivo", diz Cenci.

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O Paraná tem 7.799.272 eleitores – cerca de 215 mil a mais do que em 2010, última eleição para governador. A maior concentração está em Curitiba, Londrina, Maringá, Ponta Grossa, Cascavel e Foz do Iguaçu. Os grandes municípios do estado têm 31% do eleitorado (2,4 milhões de eleitores). Ainda assim, o mapa eleitoral do estado indica que os candidatos ao Palácio Iguaçu não devem negligenciar os 69% de votantes dos municípios médios e pequenos que são essenciais para a vitória ou derrota, especialmente num cenário de disputa acirrada.

INFOGRÁFICO: Confira o número de eleitores de sua cidade

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INFOGRÁFICO: Interior do estado poderá ser decisivo na eleição para governador em outubro

"O interior é importante porque, em alguns dos principais colégios eleitorais, a diferença entre os candidatos pode ser pouco significativa. O desequilíbrio maior entre um e outro se dá nas pequenas cidades, onde o prefeito e as lideranças locais têm peso maior", diz o analista político Elve Cenci, da Universidade Estadual de Londrina (UEL).

De acordo com ele, nas grandes cidades os prefeitos não exercem influência tão expressiva sobre os eleitores. "Nos pequenos municípios, há a base dos deputados estaduais e lideranças locais. Eles vão colocar a estrutura política que têm para funcionar a favor do candidato que apoiam", explica Cenci.

Se o candidato não tiver adesão expressiva no interior, vai ter dificuldades de ganhar a disputa eleitoral, principalmente se a eleição for apertada. "O vencedor tem que ter boa colocação no interior, mas na capital também é essencial. A eleição majoritária é muito difícil porque o candidato tem de lutar pelos votos e para diminuir a rejeição nas regiões em que ela prevalece", diz Doacir Quadros, cientista político da Uninter.

Ele lembra a eleição para o Senado em 2010. "Se formos comparar os votos de [Gustavo] Fruet e [Roberto] Requião, vemos que Requião ganhou porque tinha uma presença maior no interior do estado. É um eleitorado essencial", comenta Quadros.

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Além disso, o eleitor dos pequenos municípios do interior tem um perfil diferente daquele das grandes cidades. "Na capital, há mais possibilidade de contato entre o votante e os candidatos, principalmente pelos meios de comunicação. O eleitor no interior, em geral, tem contato maior com as lideranças locais e regionais", diz Quadros.

Há ainda disparidades entre as diferentes regiões que devem ser levadas em conta. "Há várias regiões diferentes e é preciso analisar a demanda de cada uma delas para não errar em um pequeno detalhe. Isso pode ser um elemento que faz perder eleitores", comenta Mário Sérgio Lepre, cientista político da UEL.

De olho

Os três principais pré-candidatos ao governo do Paraná já têm visibilidade consolidada em Curitiba. Beto Richa (PSDB), Roberto Requião (PMDB) e Gleisi Hoffmann (PT) terão de buscar apoio nas cidades do interior. E já estão de olho nas cidades menores: desde o ano passado, eles viajam e participam de eventos em diversos municípios menos populosos.

Pré-candidatos concorreram em 2010

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Os três principais pré-candidatos ao governo do Paraná participaram da eleição de 2010. Beto Richa (PSDB) foi eleito governador; Roberto Requião (PMDB) e Gleisi Hoffmann (PT) se elegeram para o Senado. Neste ano, os três pretendem ser candidatos novamente. Agora concorrendo entre si pelo Palácio Iguaçu.

A distribuição do voto de cada um pelo estado pode ser um indicativo das regiões em que cada um deles é mais forte (veja no mapa ao lado). Embora os votos recebidos em 2010 sejam um termômetro de aceitação e rejeição, os números não são absolutos. "Essas dados são relevantes, mas o cenário mudou bastante desde então. A conjuntura já mudou e isso precisa ser observado e medido", comenta o cientista político Mário Sergio Lepre, da UEL.

Conhecimento

No entanto, essa votação anterior pode ser importante. "Quando eles se apresentarem na campanha deste ano, o eleitor vai pensar que já conhece aquele candidato, porque já votou nele. As regiões onde eles receberam votação mais expressiva em 2010 representam as áreas onde houve aceitação maior. Mas, para ser eleito governador, é preciso romper a rejeição nas demais", comenta o analista Elve Cenci.

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