Os prefeitos fizeram as contas e calculam que precisam de um repasse mensal fixo de pelo menos R$ 4,2 bilhões do Fundo de Participação dos Municípios (FPM) até o fim deste ano. O governo deve anunciar na segunda-feira as medidas de ajuda às cidades que registraram queda na arrecadação e nas parcelas do FPM.
Na cúpula do governo, a ideia que mais avança prevê a criação de um piso fixo para os repasses do fundo. Os critérios de como seria esse auxílio, no entanto, só devem ser divulgados na próxima semana.
O valor do repasse mensal foi calculado pela Confederação Nacional dos Municípios (CNM) e tem como base a média do FPM de 2008. Os municípios receberam no ano passado R$ 50 bilhões uma parcela mensal de R$ 4,2 bilhões. "Essa é a média que esperamos trabalhar", disse o presidente da CNM, Paulo Ziulkoski.
Verba comprometida
A parcela do fundo depositada ontem nos cofres dos municípios foi de R$ 2,5 bilhões a maior deste ano. Ziulkoski afirma, porém, que o montante não é nada animador, uma vez que a maior parte já está comprometida R$ 400 milhões para o Fundeb (fundo de financiamento da educação) e R$ 300 milhões para o pagamento de dívidas dos municípios com o INSS. "Tem prefeito que não tem nada a receber do FPM. E isso é que nos preocupa", afirmou Ziulkoski.
A diminuição da parcela do FPM é motivada pelas renúncias fiscais autorizadas pelo governo com a redução das alíquotas do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) e a correção da tabela do Imposto de Renda, responsáveis pela queda de 14,5% no FPM de março. Entre dezembro de 2008 e março de 2009, os repasses sofreram redução de 12,57%, o que representou R$ 1,7 bilhão a menos no caixa das prefeituras.
A situação dos municípios, sustenta a CNM, ainda pode piorar. A partir de maio, começa a restituição do Imposto de Renda (IR), o que pode gerar uma nova queda no FPM. O IR é responsável por 82% do FPM, enquanto o IPI representa 18%. "Historicamente junho é um mês que o FPM é um dos mais baixos", disse.
Zilkoski afirmou que, por enquanto, os municípios vão esperar a proposta do governo. Mas ele lamenta que os prefeitos não tenham sido chamados para discutir as alternativas para dar fôlego para as prefeituras. "É um momento de esperar para ver o que vai ser apresentado. Se não atender (as nossas necessidades), vamos tentar retomar os debates", afirmou.
Ajustes
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva reuniu ontem a equipe econômica e pediu ajustes na proposta. O ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, disse que as cidades menores que dependem diretamente dos recursos do FPM terão prioridade para receber o auxílio. Segundo dados do governo, pelos menos 3 mil municípios se encontram nesta situação.
O ministro, no entanto, não descartou a participação de grandes municípios. "A proposta leva em conta todos os municípios, com ênfase nos pequenos onde o FPM tem peso maior. Além disso, podemos ter saídas alternativas para grandes municípios e para os estados", disse Bernardo.
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