Citado pela quadrilha do bicheiro Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, como o "01 de Brasília" ou "Magrão", o governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz (PT), depõe nesta quarta à CPI do Cachoeira pressionado a explicar as relações de alguns de seus principais assessores com a organização investigada.

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O ex-chefe de gabinete do petista Cláudio Monteiro pediu demissão após a revelação de que teria recebido propina para favorecer interesses do grupo. Ex-subsecretário de Esportes do DF, ligado ao governador, João Carlos Feitosa, o Zunga, também é suspeito de receber dinheiro da quadrilha. Nos áudios, ele é citado como porta-voz de supostos recados do próprio governador, um deles para conversar com o bicheiro.

Conforme o inquérito da Operação Monte Carlo, a organização de Cachoeira negociava com assessores de Agnelo nomeações no governo, principalmente no Serviço de Limpeza Urbana (SLU), órgão responsável pela fiscalização de contratos da Delta Construções, que detinha 70% do mercado de limpeza no DF. Conforme os grampos, relação de nomes foi levada ao secretário de Governo, Paulo Tadeu. Ele e o titular da Saúde, Rafael Barbosa, teriam se reunido com Cláudio Abreu, ex-diretor da empreiteira no Centro-Oeste, para discutir interesses da empresa como indicam as escutas.

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Outro objetivo da quadrilha era liberar pagamentos por serviços supostamente prestados ao SLU. Uma auditoria da Secretaria de Transparência do DF, que só gerou providências depois do escândalo causado pela operação, concluiu que em atividades como a varrição a Delta recebia irregularmente o dobro do que deveria.

No DF, segundo as investigações da Operação Saint Michel, a quadrilha de Cachoeira pagou propina ao ex-servidor público Valdir dos Reis, com trânsito no Palácio do Buriti, para fraudar licitação para a bilhetagem eletrônica dos ônibus. O secretário de Transportes, José Walter Vazquez Filho, chegou a se reunir com integrantes da organização, que elaborou o edital da concorrência direcionado à Delta.

Integrantes da CPI também pretendem questionar o governador sobre sua gestão como diretor na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), órgão no qual o grupo de Cachoeira também tentou atuar. Como o jornal O Estado de S. Paulo revelou, gravações em poder da Procuradoria Geral da República (PGR) mostram que a cúpula do laboratório Hipolabor, com sede em Minas recorria a Rafael Barbosa, ex-adjunto do petista na agência, para acelerar demandas de seu interesse.

As provas foram obtidas durante a Operação Panaceia, desencadeada em 2011, por órgãos de investigação em Minas. Uma agenda com registros contábeis da indústria farmacêutica registra também supostos pagamentos de R$ 50 mil ao governador em 2010, ano de sua campanha ao Palácio do Buriti. Representante da empresa em Brasília e ex-chefe de gabinete de Agnelo na Câmara, Francisco Borges Filho afirmou que as anotações referem-se a promessa de doação eleitoral. No Tribunal Superior Eleitoral (TSE), não constam contribuições oficiais do laboratório a Agnelo.

O governador e seus secretários negam quaisquer relações com Cachoeira e sustentam que a quadrilha do bicheiro não conseguiu emplacar seus pleitos no governo, entre eles as nomeações. Com isso, sustentam, passou a tramar contra o Palácio do Buriti. Às vésperas do depoimento à CPI, Agnelo cancelou contratos com a Delta. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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