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Dia desses, o secretário de Comunicação petista, Paulo Frateschi, tirou uma casquinha dos tucanos dizendo que eles jamais farão prévias. Duas garrafas de Borgonha num lobby de hotel e decidem quem é o candidato, disse. Ironia com uma tremenda dose de verdade. O PSDB não tem nenhuma tradição de democracia interna. Aqui no Paraná, por exemplo, Beto Richa manda e desmanda. No nacional, os que se encontram para tomar o vinho e decidir o candidato chegam a meia dúzia, talvez.

Frateschi, porém, devia olhar para a trave no olho antes de falar dos outros. O PT já foi exemplo de democracia interna. As prévias, por exemplo, eram regra. Hoje, como bem mostra a história da presidente Dilma, não há nem eleições internas. O sistema é o seguinte: Lula um dia acorda, tem uma iluminação e aponta o dedo para alguém. Ele será o candidato e pronto. Fernando Haddad e Alexandre Padilha estão entre seus escolhidos. Eleitoralmente, tem dado certo, mas cobrar prévias de outros partidos passa a ser uma ironia vazia.

Nos outros partidos, o que muda é só o sistema antidemocracia. No PMDB, por exemplo, caciques de alguns estados se reúnem e veem quem tem mais chance de ganhar. Se for o PSDB, vão de PSDB. Se for o PT, vão de PT. Há até quem crie um partido só para chamar de seu, como Marina Silva: ela saiu do PV reclamando que não havia democracia interna. Agora já é a candidata sem nem mesmo ter criado a nova sigla.

A reforma política, se um dia vier, tinha mesmo era de começar dentro dos partidos. São eles, pela lei brasileira, que têm a prerrogativa de lançar candidatos. Fora deles não há eleições, não há candidatos, não há perspectiva de poder. Dentro deles, o que há são máquinas de perpetuação no poder de pequenos grupos políticos. Agora, por exemplo: falta um mês para quem quiser entrar em uma legenda a tempo de disputar um cargo em 2014. Alguém se anima? Claro que não. Sabe-se de antemão que será necessário se dobrar às vontades dos donos do pedaço.

Falam, por exemplo, em voto de lista fechada. Já imaginou? Isso só daria ao politburo de cada sigla mais poder para negociar com os interessados sem jamais ter de ouvir os filiados. Fidelidade partidária? Sem mudar os partidos, trata-se meramente de garantir rebanho suficiente e leal para os mesmos de sempre. Cláusula de barreira? Eliminam-se os poucos partidos ideológicos e ficam só os que estão dominados. Financiamento público? E quem vai gerir a verba para decidir como ela será usada?

A tragédia dos partidos pode ser medida pela bagunça do PMDB paranaense. Requião, enquanto teve poder, mandou e desmandou. Viveu pela espada. Agora, está morrendo pela espada dos que lhe roubaram o trono. As regras são feitas de encomenda para favorecer quem está com a faca e o queijo na mão. Os outros que se ralem. Mais um dado? No Paraná, o PT de Frateschi tem comissões provisória em 60 municípios. Ou seja: são cidades em que não houve eleição democrática nem mesmo de quem manda na cidade. O PSDB tem situação ainda pior: são 60 diretórios eleitos e 286 comissões provisórias.

Macunaíma dizia que muita saúva e pouca saúde eram os males do Brasil. Faltou incluir na lista os partidos políticos. Perto deles, as saúvas saem bem na foto.

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