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O Ministério da Agricultura, chefiado pelo paranaense Reinhold Stephanes, tinha R$ 22 milhões para gastar com uma rubrica em 2007. Gastou apenas R$ 255 mil até a semana passada. Pode parecer uma bela economia. Mas, a essas alturas, há motivos para se suspeitar que a economia foi feita no lugar errado. Muito errado.

A rubrica em questão leva o nome oficial de "Controle de Resíduos e Contaminantes em Produtos de Origem Vegetal e Animal". Leite é um produto de origem animal. Soda cáustica e água oxigenada certamente podem ser classificadas como "resíduos ou contaminantes". Pois é. Os números mostram que o ministério gastou apenas 1,13% do total disponível para esse tipo de fiscalização.

O levantamento das informações foi feito pela ONG Contas Abertas, que tem acesso às senhas do Sistema de Administração Financeira do Governo Federal, o Siafi. Não há como saber, a não ser no mundo das hipóteses, se a execução completa do orçamento em tempo hábil seria suficiente para barrar a canalhice de quem resolveu faturar uns trocos extras colocando a vida alheia em risco. Mas certamente é papel do governo proteger com todo o empenho possível a sociedade desse tipo de crime. Ao que parece, não foi o que aconteceu.

Pior: a falha não é única. O governo tem falhado miseravelmente nas tarefas de fiscalização a empresas em todo o país. Basta ler o noticiário recente para fazer uma lista dolorosa de casos em que a iniciativa privada deitou e rolou nos abusos contra a população. Crise aérea: cadê a Anac? Empresas de segurança matando e torturando: cadê a Polícia Federal? Soda cáustica no leite: cadê o fiscal?

Resta ao brasileiro ficar de olhos abertos e cuidar de si mesmo. Porque aparentemente em Brasília não há muita gente interessada em fazer isso por nós.

Os donos da bola

Sai nos próximos dias uma das pesquisas mais importantes para compreender as eleições de 2006. Assim como já fez nas campanhas de 2002 e 2004, a Transparência Brasil publicará um cruzamento de informações sobre os financiamentos de todos os candidatos ao Executivo e ao Legislativo. A ferramenta estará disponível na internet e possibilitará que o cidadão veja, por exemplo, quantos candidatos uma empresa bancou. Só assim fica claro quais são as mãos que puxam os fios da política brasileira. O levantamento "Às Claras 2006" será divulgado no site www.transparencia.org.br, provavelmente no início da semana.

Privilégio

Ronaldo Cunha Lima é uma inspiração para os políticos de todo o país. Atirou em um adversário e, graças ao foro privilegiado, ficou 14 anos na vida boa sem ser julgado. Quando chegou a hora do vamos ver, renunciou e o processo começará novamente do zero. Atualmente, segundo levantamento do Projeto Excelências, da Transparência Brasil, sete deputados federais paranaenses estão com processos na Justiça e usufruem do mesmo privilégio de Cunha Lima.

Bússola política

Feriadão é tempo bom de ficar perdendo tempo com inutilidades. Pois aqui vai uma dica bacana: o site Political Compass responde em poucos minutos qual é a verdadeira tendência política do usuário. Basta responder a um questionário e logo sai o veredito. Há duas variantes: o internauta é classificado em uma linha que vai desde a extrema esquerda até a extrema direita. Outra linha vai de 100% autoritário a 100% libertário. Está em www.politicalcompass.com. Um único detalhe: o site é em inglês.

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"Senador é só pose. Quem manda mesmo é deputado."

Fernando Henrique Cardoso, ex-presidente da República e ex-senador.

rgalindo@gazetadopovo.com.br

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