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Governar um país é um pepino que nenhum de nós consegue nem imaginar. É preciso cuidar da política econômica, só para começar – como dizia Fernando Henrique, isso significa governar "de olho na telinha" (das bolsas, do câmbio etc.). É necessário cuidar das relações externas, do mercado. Negociar com o Congresso políticas que afetam os direitos mais básicos das pessoas e lidar com tabus e temas sensíveis.

Governadores e prefeitos têm uma missão bem mais simples. Estão livres de vários desses encargos e podem se concentrar, basicamente, em gerir bem o dinheiro para prestar bons serviços à população. O governador não precisa decidir se envia uma nova legislação sobre o aborto nem o prefeito cuida das Forças Armadas. Não que administrar os cofres seja bolinho, nem que governar se reduza a isso. Mas a boa gestão passa em grande medida por evitar desperdício, investir bem o que está disponível e não permitir bandalheiras. É isso que garantirá recursos para o resto.

No entanto... O que se vê normalmente são governantes tropeçando nas finanças. Ou na falta delas. Aqui no Paraná, há duas situações paralelas que mostram como são as coisas. De um lado, o governo do estado afirma que só no quarto ano de gestão, em 2014, conseguirá algum fôlego. Chegou a paralisar obras, ficar sem pagar o telefone da PM e não conseguiu nem comprar combustível suficiente para a frota. Ressalte-se: a tal folga em 2014, se vier, virá a custo de empréstimos e mudanças administrativas, como a criação de uma fundação que "tira da conta" do estado a contratação de médicos.

Na prefeitura, Gustavo Fruet diz que foi preciso passar o primeiro ano arrumando a casa. Cortou gastos com telefone (segundo ele, perto de R$ 1 milhão por mês a menos), com passagens, reduziu contratos (com o ICI, por exemplo) e diz que, mesmo assim, passa sufoco para cumprir com as obrigações. Segundo o prefeito, foi feito o "maior ajuste fiscal dos últimos anos", e isso fará as coisas andarem a partir do segundo semestre do ano que vem. No caso dele, o menor tempo à frente do cargo ainda parece dar mais crédito à afirmação. Afinal, faz só onze meses que recebeu as chaves do antecessor, que admitiu ter deixado dívidas a descoberto.

Não são situações únicas. Os governantes passam boa parte do tempo reclamando que não têm como fazer o que querem. E nem precisava dizer: basta olhar para os estados, para as cidades, para ver que há muito a ser feito, aqui ou no resto do Brasil. Estranhamente, isso acontece num país que tem uma carga tributária alta aplicada sobre a sexta maior economia do mundo. Ok, temos a tal demanda reprimida, o que é um jeito bonito de dizer que por muito tempo os governantes vêm nos enrolando. Mas será só isso?

Há basicamente duas explicações possíveis. Numa delas, os governantes são mesmo perdulários ou ineficientes (no caso local, o mesmo grupo administrou o estado e a prefeitura recentemente). Os políticos juram que não é só isso. Ademar Traiano, líder de Beto Richa na Assembleia, por exemplo, diz que a culpa da falta de dinheiro no estado é de Dilma, que desonerou impostos e, com isso, repassou R$ 3 bilhões a menos para o Paraná.

Achar um culpado, em todo caso, é de menos. O que é preciso é dar um jeito de os serviços funcionarem. Governos locais servem basicamente para isso. Em junho, a população disse nas ruas basicamente que queria ver seu imposto pagando escolas padrão Fifa e postos de saúde decentes. Isso não acontecerá enquanto nossos governantes não acertarem a mão na hora de gerir os cofres.

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