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"Olhando aqui de cima, parece inofensiva."

Ed Mort, personagem de Luis Fernando Verissimo, ao sobrevoar Brasília.

Nesta semana, uma menina de Fazenda Rio Grande foi atingida por uma bala durante uma disputa de gangues da cidade. Nesta semana, alunos de escolas públicas do interior do estado voltaram às aulas sendo carregados ao lado de bujões de gás. Nesta semana, centenas de mães tiveram problemas para ir ao trabalho porque não tinham com quem deixar suas crianças, já que os educadores das creches municipais estavam em greve por melhores salários.

Nesta semana, no entanto, enquanto a vida seguia e o mundo caía, os dois homens com maior possibilidade de resolver todos esses problemas gastaram seu tempo e sua energia numa disputa política que pouco interessa à população. Roberto Requião, governador do estado, e Beto Richa, prefeito de Curitiba, preferiram usar seus assessores pessoais e o dinheiro a que tem acesso para imprimir panfletos, convocar coletivas de imprensa e difamar um ao outro do que passar a semana pensando em resolver os problemas da população que os elegeu.

A história toda da briga entre Requião e Richa começa torta. O governador usou o palanque da TV Educativa para fazer uma denúncia contra o prefeito. Disse que havia dinheiro público na campanha de Richa para o governo em 2002. A verba, de R$ 10 milhões, teria sido desviada com a cumplicidade do irmão do prefeito, José Richa Filho. Requião lembrou que já fizera a denúncia em 2003, quando assumiu o governo.

Ora, se sabia disse há quatro anos, por que Requião manteve José Richa Filho por mais de um ano no seu governo? E em um cargo importante como o de diretor da Agência de Fomento, por onde passa muito dinheiro. E se acha que Beto desvia dinheiro público, por que o assediou durante meses para levá-lo a apoiar sua campanha de reeleição? Como perguntaria o próprio governador, trata-se de má fé cínica ou ignorância córnea?

Por outro lado, o prefeito Beto Richa reagiu com um palavreado inusitado às acusações. A fama de menino calmo e tranqüilo foi deixada de lado. Beto foi a todas as rádios e jornais para falar que Requião era isso, aquilo, aquilo outro e muito mais. A tal liturgia do cargo foi esquecida completamente.

A pesquisa publicada hoje pela Gazeta do Povo mostra que a população não tem mais a menor paciência para as guerrinhas pessoais dos políticos. Se acharam que iam sair por cima, que iam fazer amigos e influenciar pessoas, se deram mal. Pior é que para corrigir o estrago de imagem agora não é improvável que gastem os tubos em campanhas publicitárias e nas próximas disputas eleitorais. Ao invés de usar o dinheiro para solucionar os problemas do mundo real. No qual, em tese, deveriam ser pessoas socialmente relevantes.

Os bancos e seus bilhões

Os bancos brasileiros estão anunciando nestes dias os seus balanços de 2006. São lucros extraordinários, da ordem de bilhões. A divulgação dos números é feita com pompa e circunstância. Sente-se o orgulho com que os banqueiros mostram o quanto fizeram aumentar o patrimônio deles e de seus sócios.

No entanto, vale ver uma conta que explica em grande medida como esses lucros são obtidos. Quem faz o cálculo é Sandro Silva, economista do Dieese. A história começa com um fulano qualquer e R$ 1 mil. Imagine que nosso amigo tem os R$ 1 mil disponíveis e quer levá-los ao banco. Escolhe a poupança para investir. Se deixar o dinheiro parado lá por cinco anos, terá ao fim do período um total de R$ 1.475,12. Isso usando taxas atuais para prever o juro.

Agora vamos imaginar o contrário. O fulano precisa dos R$ 1 mil e vai ao banco para pedi-los. Imaginando as taxas atuais, em cinco anos ele deveria R$ 9.591,37. Por fim, uma terceira conta. Se ao invés de tomar um empréstimo pessoal o cliente ficasse devendo o mesmo valor no cheque especial, ao fim dos cinco anos sua dívida seria de R$ 82.874,58. Não há erro de impressão. O leitor viu bem.

Essa é a origem do lucro dos bancos. É a diferença de quanto você toma deles e o quanto eles tomam de você.

PS: Segundo Silva, apenas com as tarifas cobradas de seus clientes, sem contar os juros, os bancos já pagam toda a sua folha de pessoal. E ainda sobra. Ou seja, bem que dava para contratar mais uns caixas e diminuir a fila.

As urnas são seguras?

A denúncia de que as urnas eletrônicas de Alagoas podem ter mudado o resultado da eleição demorou a sair na imprensa. Quando apareceram, tiveram todo o destaque. Em seguida, voltaram a sumir do radar. Quem quiser saber se houve mesmo fraude e – mais importante – se o sistema de votação brasileiro é sujeito a manipulações, tem que ficar fuçando no Google e olhando em jornais regionais.

Dia desses porém, o G1, da Globo, deu uma notícia estarrecedora sobre o assunto. Que outra vez teve pouco destaque. Disquetes, bobinas e documentos do TRE foram encontrados queimados em um terreno baldio. Isso depois que um estudo do ITA apontou que pelo menos 7% das urnas apresentaram erros graves em seus arquivos.

Os repórteres que foram ao local onde o material foi encontrado ouviram os vizinhos. A população disse que quem queimou o material foram os próprios funcionários do TRE alagoano. Eles queimaram o material junto com as caixas das urnas, alegando que havia cupins.

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