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Rafael Greca parece ser o primeiro “fenômeno” a ser explicado nas eleições deste ano. Até pouco tempo atrás, ele parecia eleitoralmente morto, lembra? Era um ex-prefeito que parecia, para as novas gerações, tão distante quanto Cândido de Abreu. Não conseguia mais se eleger. Suas candidaturas não decolavam. Parecia quase um elemento do folclore curitibano.

O auge da carreira de Greca foi nos anos 90. Em 1993, assumiu a prefeitura com o apoio de Jaime Lerner. Depois, se tornou o deputado federal mais votado do estado até então. Subiu mais ainda quando virou ministro de Fernando Henrique. E aí tudo desandou. A nau dos 500 anos foi um desastre e um imbróglio com os bingos derrubou-o da cadeira. Em 2002, Lerner virou-lhe o rosto e, ao invés de apoiá-lo para o governo, lançou Beto Richa.

Greca, furioso, virou requianista – e continuou a naufragar. Em 2006, nem conseguiu se eleger deputado estadual e precisou que Requião o resgatasse. Virou presidente da Cohapar e começou a planejar seu retorno. Mas a campanha de 2012 foi outro fracasso. Tudo acabado? Pois é. Parecia.

E agora, do nada, Greca surge como líder na primeira pesquisa do Ibope (1). Lógico, é cedo. Óbvio, os 21% não são o suficiente para eleger ninguém. Mas como agora, no minúsculo PMN, Greca deixou de ser um fantasma do passado? Como conseguiu o apoio de Luciano Ducci, virou o favorito do DEM?

Seja qual for a resposta, o pessoal de Gustavo Fruet parece ter detectado o movimento antes de qualquer pesquisa eleitoral (pelo menos das divulgadas). De alguns meses para cá, basta falar com alguém da prefeitura e lá vêm as cutucadas no adversário. Como não se chuta cachorro morto, sabia-se que alguém tinha tomado o pulso de Greca. E visto que ele estava vivinho da Silva.

Um primeiro palpite: a gestão de Fruet não anda lá com essa moral toda. A mesma pesquisa encomendada pela Rede Massa mostra que 29% aprovam o prefeito. Menos de um terço. A fama dele, sabe-se, é de alguém indeciso, que fez pouco, ou pelo menos poucas obras visíveis. O discurso da prefeitura é até convincente. Há a crise econômica, e não fazer obras faraônicas não é sinal de inoperância. Em vacas magras, o que contaria é manter tudo funcionando minimamente.

Mas essa “função mínima”, há de se convir, não agrada. E como Curitiba tem lá seu orgulho de uma (suposta) era de ouro da administração local, vem o saudosismo “dos tempos de Lerner”, da época em que se cortava o mato e os buracos eram tapados, de uma Curitiba que – real ou imaginária – habita a cabeça do eleitor.

Lerner e Taniguchi estão fora do páreo. Greca foi quem sobrou desse período. E tem seus símbolos para mostrar: os faróis do saber, os parques, as obras cujos números ele tem na ponta da língua... Greca diz não ser o candidato de Richa, de Lerner, de Requião, nem de ninguém. Ainda se verá quem está ou não com ele. Mas parece bastante crível que ele seja ainda o candidato da propaganda lernista de que Curitiba era uma cidade diferente (e melhor).

(1) A pesquisa do Ibope foi realizada entre 2 e 6 de julho com 805 eleitores de Curitiba. A margem de erro é de 3 pontos porcentuais para mais ou para menos com nível de confiança de 95%. pesquisa Ibope foi encomendada pela Rede Massa e foi registrada na Justiça Eleitoral com o número PR05852/2016.

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