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Gleisi Hoffmann está apostando suas fichas na repetição da história. Em 2012, Gustavo Fruet passou a maior parte da campanha amargando um distante terceiro lugar nas pesquisas eleitorais. No finzinho do primeiro turno, conseguiu ultrapassar Luciano Ducci, quando ninguém mais acreditava nisso. No segundo turno, graças à rejeição de Ratinho Jr., ganhou a prefeitura. Gleisi poderia fazer o mesmo?

Até agora, o único ponto em comum, além de os dois estarem na mesma coligação, é o fato de Gleisi estar bem atrás dos adversários*. A petista tem um terço das intenções de voto de cada um dos dois adversários principais. Para virar o novo Fruet, teria de apostar em tirar votos de um deles desde já. Apostar na rejeição. Mas o trabalho não será fácil. Em 2012, para a prefeitura, o grupo de Beto Richa estava jogando com Luciano Ducci, o "time B" do grupo.

Requião também tem rejeição alta, assim como Ratinho Jr. Mas a situação é diferente: Ratinho é bom de voto, foi o campeão entre os deputados federais do estado. Mas não é nenhum Requião, que já ganhou três vezes o governo do estado e se elegeu duas vezes senador. Por outro lado, Requião tem a fadiga de material jogando contra: aos 73 anos, pode ter cansado o eleitor. Gleisi podia apostar em roubar dele os votos da esquerda? Ou os votos anti-Beto?

Pode ser. Gleisi, assim como Fruet, tem um perfil moderado. Fala manso, não compra brigas nem estrila em público. Os dois apostam no perfil de bom moço, de gente da família capaz de fazer política sem sujar as mãos. É um perfil bem diferente dos adversários.

Requião, como se viu já neste início de campanha, gosta de política feita a quente. Gosta de barulho. Se alguém dentro do partido o confronta, ele literalmente pega o microfone, monta uma tenda em frente ao diretório, articula a expulsão da Executiva e arromba a porta da sede estadual. Imagine o que faz com os de fora de casa. Requião nunca teve medo de falar de política, de mostrar ao distinto público que a política também é confronto. Seu personagem é o do homem de pulso forte, metido na política até o pescoço.

Richa faz o jogo de cena oposto. Mal quer parecer um político. Seu discurso é o do gestor, do homem que não quer se meter em politicagem e que entende a vida pública como um local de conciliação. Não há confronto. O discurso é o do ranking: o Paraná aparece em primeiro lugar nessa lista, em segundo naquela. Números atrás de números: como se ele fosse um empresário que não tem nada a ver com o que o eleitor possa chamar de politicagem.

Gleisi está numa espécie de meio termo. Faz o discurso da gestora mas também se compromete com as causas políticas petistas. Defende Dilma e Lula, mas não quer parecer radical. Acha que os números são importantes, mas não quer fugir totalmente do confronto. Faz o papel da militante moderada, que nem foge da política nem quer se sujar entrando no jogo pesado.

Para a aposta dela dar certo, Gleisi depende que Requião e Beto naufraguem em seus próprios exageros. Depende de o eleitor se cansar do método estridente de Requião e de rejeitar o modo neutro de Richa. Mas o risco de a ideia dar errado é alto. O eleitor pode muito bem preferir o quente ou o gelado, e desprezar aquilo que lhe parece morno.

*Pesquisa Datafolha, encomendada pela RPC TV e pelo jornal Folha de S.Paulo, realizada entre os dias 12 e 14 de agosto. Foram entrevistados 1.226 eleitores em 46 municípios do estado. A margem de erro é de três pontos porcentuais, para mais ou para menos. O nível de confiança é de 95%. Pesquisa está registrada no TSE sob o número BR-00358/2014.

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