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Olho vivo

Prescrição

Ezequias Moreira, processado criminalmente por ter recebido salários da Assembleia Legislativa em nome da "sogra fantasma", está prestes a ser beneficiado com a prescrição da ação. Desde 2007, quando foi denunciado pelo Ministério Público, a ação tramitou a passos de cágado na Justiça – cinco anos que vencem no próximo dia 15, tempo necessário para a prescrição e consequente arquivamento do processo. Ex-chefe de gabinete do então prefeito Beto Richa e atual diretor da Sanepar, Ezequias agora planeja ocupar uma cadeira próxima ao gabinete do governador na reforma secretarial prevista para as próximas semanas.

Subsídio 1

O governador Beto Richa anunciou ontem que vai manter o subsídio ao transporte coletivo de Curitiba até maio. Fez uma "bondade" para o prefeito Gustavo Fruet? Nada disso: o prazo para manutenção do subsídio já estava previsto no convênio que assinou com o ex-prefeito Luciano Ducci, no ano passado. Segundo notícia do Palácio Iguaçu, "o objetivo é manter a permanência da atual tarifa (R$ 2,60) do transporte coletivo da Capital".

Subsídio 2

Trata-se de uma esperteza que se traduz assim: se a tarifa subir em março, por exemplo, o ônus político será do prefeito e não do governador. É que a manutenção do subsídio até maio não garante que a tarifa não seja aumentada antes, pois ele não cobre a elevação dos custos decorrentes do dissídio salarial dos motoristas e cobradores, que ocorre em fevereiro, nem outros desequilíbrios provocados nos meses finais da gestão de Luciano Ducci. Gustavo se contenta agora com a manutenção do atual convênio, mas se prepara para brigar pela continuidade após maio.

A BR-101 é uma das rodovias mais estratégicas do país. Com mais de 4.700 quilômetros de extensão e seguindo a linha do litoral brasileiro, a estrada federal liga o Rio Grande do Sul ao Rio Grande do Norte, cruzando 12 estados. Em 11 deles, a estrada é asfaltada e, em alguns trechos, como em Santa Catarina, tem até pista dupla. Dentre os 12 estados, há, porém, uma exceção: no Paraná a BR-101 não existe nem mesmo no papel! Nos mapas rodoviários é representada apenas por tracinhos quando corta o litoral paranaense.

Não é preciso falar muito da importância estratégica da BR-101 para o país e, mais ainda, para o Paraná. Nossa faixa litorânea é pequena, mas seu alto potencial econômico e turístico é em grande parte perdido porque é totalmente dependente do congestionado trecho Curitiba-Paranaguá da pedagiada BR-277; de uma ferrovia sesquicentenária obsoleta; de um péssimo serviço de ferry boats para a travessia da baía de Guaratuba; e de uma estradinha acanhada que liga Alexandra a Matinhos.

Dito tudo isso, dá vontade de elogiar a anunciada iniciativa do governador Beto Richa de lançar, agora em fevereiro, edital para contratar estudos de viabilidade para a construção do trecho paranaense da BR-101. Depois de pronto, a intenção é doar o estudo ao governo federal para que este toque a obra. Frise-se: num governo que, nestes dois anos, se notabilizou pela ausência de visão estratégica e de projetos estruturantes, a simples demonstração de interesse pela BR-101 não deixa de ser merecedora de foguetório.

Mas que soa muito estranho o súbito interesse na BR-101, disso não há dúvida. Talvez a explicação resida na conveniência de preservar minimamente a imagem do governo se o anúncio conseguisse aplacar a ira dos milhões de veranistas que sofrem na atual temporada: levam-se horas na fila dos ferry boats; gastam-se seis horas para fazer o pequeno trecho Garuva-Caiobá; pelo menos duas para vencer os 15 quilômetros que separam Praia de Leste de Matinhos...

Enquanto o povo sofre hoje, o governo pensa numa rodovia federal que não tem prazo para começar, e nada diz sobre melhorar as estradas estaduais que servem o litoral. Não é de espantar: o governo estadual tem se mostrado incapaz de resolver problemas rodoviários em todo o estado e não apenas no litoral. Nem se fala de ampliação da malha, mas até mesmo de simples operações tapa-buracos.

Vejam só: salvo a execução episódica de obras emergenciais, as primeiras licitações de um programa de restauração e manutenção foram lançadas no começo de 2012 – isto é, um ano após o início do governo. As ordens de serviço, contudo, só foram expedidas já no final do ano. Ou seja: apenas agora, decorrida metade da gestão, é que as máquinas (supostamente) começarão a funcionar.

Faz bem pensar na BR-101 e lutar por ela a longo prazo. Mas, na marcha lenta atual, pode-se ter esperança de que, no ano que vem, a muvuca no ferry boat e nas estradas no litoral será menor?

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