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O governo do Paraná coloca em leilão nesta segunda-feira, 26, nada menos de 41% dos imóveis e reservas florestais pertencentes ao Instituto de Florestas do Paraná – autarquia criada no início deste ano para suceder à extinta empresa de economia mista Paraná Ambiental Florestas. Envelopes com as propostas serão abertos às 14h05. Ganham a licitação os que, na soma, pagarem mais do que os R$ 108 milhões que o governo pede por oito fazendas que totalizam quase 13 mil hectares de terras com plantios de pínus e araucária.

A intenção da venda desse bem público é colocar pelo menos R$ 100 milhões no caixa do estado e, com isso, cobrir partezinha dos rombos representados por faturas não pagas desde o ano passado. Oficinas mecânicas, postos de combustíveis, alugueis de imóveis, correios, pequenos produtores vinculados ao programa "Leite das Crianças" e muitos outros credores fazem fila para receber quantias modestas, mas que o governo confessa totalizarem pelo menos R$ 700 milhões ou, segundo cálculos anteriores, mais de R$ 1 bilhão.

Do valor do negócio, a secretaria estadual do Meio Ambiente espera ficar com 8%, e o Instituto de Florestas, com R$ 18 milhões. Com estes valores, o governo promete por em marcha programas de conservação – um paradoxo difícil de entender, já que nos três primeiros anos da gestão pouco foi feito a respeito. Faria neste fim de feira?

O leilão é contestado por vários setores. Além de ações populares que estão sendo desconhecidas pelo Instituto de Florestas, também a respeitada Sociedade de Proteção à Vida Selvagem (SPVS) lança dois alertas. O primeiro diz respeito à inevitável destruição de importante parcela da já pobre cobertura verde do estado, destinando-a à exploração comercial. Outro, à dizimação de espécies animais em extinção que têm nestas florestas o seu habitat. É o caso dos muriquis – primatas monocarvoeiros sob acompanhamento de biólogos nas áreas que o governo quer leiloar.

Olho vivo

Desmentido

A propósito da notícia publicada nesta coluna na quinta-feira, segundo qual a Copel pretende aumentar em 30% a tarifa de energia, a empresa emitiu nota oficial na qual informa que quem define porcentuais de aumento não é a Copel nem seu acionista maior, o governo do estado. É a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), que anunciará o novo índice até o próximo dia 17 de junho. No fundo, a nota da Copel desmente o presidente da companhia, Lindolfo Zimmer, que, em entrevista ao jornal Valor Econômico na última terça-feira, anunciou a intenção de conseguir aquele porcentual.

Ferreirinha

Tem cheiro de "ferreirinha" o factoide plantado na mídia de que o senador Roberto Requião teria recebido proposta de R$ 30 milhões para desistir de apresentar sua candidatura na convenção estadual do PMDB. O suposto suborno serviria para consolidar a vitória da ala peemedebista que defende coligação com o PSDB e a reeleição de Beto Richa. A "denúncia" teria origem no comitê de Requião – mas é incompleta: quem teria tentado suborná-lo? Detalhe importantíssimo não revelado. Não teria sido o caso de, no mesmo momento, dar voz de prisão ao suposto corruptor?

Desinteresse?

A recente movimentação na composição acionária da Sanepar e no Grupo Dominó (o sócio privado da companhia) gerou mais certezas de que dúvidas. Primeira certeza: o governo estadual aumentou sua fatia de capital na empresa (de 60% para 75%) e o Dominó foi reduzido de 39,7% para 25%. Outra certeza: apesar disso, o Dominó não perdeu o poder que já detinha na direção da Sanepar. Continua ocupando as mesmas e mais estratégicas diretorias da empresa. Terceira certeza: o Dominó era constituído por três entes. Um deles saiu e ficaram apenas dois: Copel e construtora Andrade Gutierrez. A construtora detém agora 51% do capital do Dominó e a Copel, 49%. Logo, quem manda no Dominó é a Gutierrez. A consequência óbvia é que, ao contrário do que o governo quis fazer crer, foi a Gutierrez que, embora relativamente "menor" que o estado, manteve poder maior que o estado. A Sanepar explica que nem ela nem o estado acompanharam a movimentação ou participaram da decisão interna do Dominó, que passou a ser controlado pela Andrade Gutierrez. Isto é, o governo (controlador da Copel) foi complacente ou se mostrou desinteressado em aproveitar a oportunidade de, por apenas 2% do capital, fazer da Copel o sócio maior do Dominó. E, portanto, abdicou de assumir controle completo da Sanepar.

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