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A entrevista do governador Beto Richa no programa Roda Viva, transmitida em rede nacional pela TV Cultura, foi na segunda-feira à noite. Ainda assim, já passados quatro dias, quem a assistiu provavelmente ainda não se recuperou do espanto. Por várias razões. A primeira delas, pela inusitada segurança com que enfrentou as perguntas que alguns dos entrevistadores imaginavam poderiam causar-lhe algum embaraço. Que nada! Saiu-se delas com a mesma singela habilidade de quem furta o doce de uma criança distraída.

Os 90 minutos da entrevista deram a Richa a oportunidade de apresentar ao povo do Brasil um Paraná e um governador que os paranaenses não conhecem. E é neste ponto que reside a segunda razão do espanto: entre os que conhecem o Paraná e o atual governador e que ainda não perderam lucidez para avaliar resultados efetivos de uma administração pública – seja deste ou de governantes passados – nem de longe se comoveram com a dissertação positiva que ele fez a respeito da eficiência da própria gestão.

Os mais atentos foram logo percebendo, ao longo da entrevista, os rastros que o governador Beto Richa ia deixando por onde passava. Por exemplo: após quase quatro anos de gestão, continuou ainda afirmando que, se mais não fez pelo estado, foi em razão das dívidas que recebeu dos antecessores. E se não pode colocar as finanças em dia não foi por culpa sua, mas porque foi sabotado pela União e pelos dois senadores que lhe fazem oposição.

Eles, a União e os senadores, criaram-lhe problemas para contrair empréstimos que somam pouco mais de R$ 3 bilhões. Pergunta-se: então o choque de gestão que prometera na campanha estava assentado apenas nos empréstimos? Para quem não sabe: tais empréstimos representam menos de 3% dos R$ 140 bilhões de arrecadação dos seus quatro anos de mandato. Logo, a ausência de marcas administrativas que vai legar para si mesmo ou para o sucessor a partir do ano que vem será devida apenas porque lhe faltaram 3% de orçamento?

Não é espantoso?

Olho vivo

• O império

Pelo menos dois deputados estaduais são decisivos para a definição que o PMDB tomará na convenção do dia 14 de junho: Caíto Quintana e Waldyr Pugliesi. São considerados bons "puxadores" de votos entre os 600 delegados que serão chamados a decidir se a sigla vai apoiar a reeleição de Beto Richa ou se optará por candidato próprio. Pugliesi guardaria mágoas antigas de Requião e por isso figura entre os que resistem à candidatura própria. Mas se mudar...

Já com Quintana, "dono" da maioria dos votos convencionais do Sudoeste, a conversa é outra: ele estaria empolgado com a oferta de ser vice na chapa de reeleição de Beto – bom motivo para levá-lo a convencer seus correligionários a votar pela aliança com o PSDB.

Como a toda ação corresponde a uma reação, surge uma nova corrente pró-candidatura própria do PMDB. O movimento até já ganhou um nome: o "Império contra ataca". Ele seria liderado pelo ex-conselheiro do TC Hermas Brandão. Para contrabalançar a suposta força dos deputados richistas, Hermas articula colocar um deles como vice de Requião. No caso, o deputado Artagão de Mattos Leão, influente nos diretórios do Centro-Oeste.

• Marcelo, o novo 1

A chapa de Requião toma forma também por decisão exclusiva dele. Confiante de que será candidato, o senador já dá como definitiva a escolha do ex-deputado Marcelo Almeida como candidato ao Senado. Filho do falecido grande empreiteiro Cecílio Rego Almeida (Construtora C.R. Almeida), Marcelo não se faz de rogado, não teme ser considerado um estranho no ninho de Requião e acredita que a política precisa de renovação: "Se Alvaro Dias por reeleito, ele completará 32 anos no Senado!", acentua.

A empresa da família Almeida é uma das maiores pedageiras do país, ao passo que Requião mantém a ideia fixa de "baixar ou acabar" com o pedágio. Marcelo não se incomoda também com o fato de figurar entre os homens mais ricos do país. Mais: não participa da empresa (dirigida pelos irmãos) e concorda que o pedágio precisa baixar. Além disso, enfatiza outras qualidades que o diferenciam de boa parte dos políticos: "Não fumo maconha, não cheiro cocaína, não saio com prostitutas, sou católico, tenho quatro filhos, não estou nos Diários Secretos. Qual é o problema de ser rico?"

• Com Temer

Pessuti, outro pré-candidato do PMDB, não está indiferente ao que se passa: na terça jantou com Michel Temer em Brasília e saiu convicto de que o cacique quer o partido com candidato próprio no Paraná.

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