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O deputado Jocelito Canto (PTB), ex-prefeito de Ponta Grossa, é um daqueles parlamentares que mais animam as sessões verpertinas da Assembleia Legislativa. Seus discursos, geralmente pronunciados de forma tresloucada e acompanhados de gestos e expressões onomatopaicas (segundo o Aurélio, palavras cuja pronúncia imita o som natural da coisa significada, como "grunhir, mugir, pum, reco-reco, tique-taque, etc.") dificilmente são levados a sério até mesmo por seus colegas.

Na quarta-feira, contudo, Canto disse da tribuna algo muito sério: confessou servir-se de caixa 2 em suas campanhas políticas e desafiou os circunstantes a negar que fizessem o mesmo. "Quem é que não tem caixa 2? Vamos ser sinceros aqui. Me conte alguém que não tem caixa 2?"

O presidente da OAB-PR, José Lucio Glomb, não perdeu tempo: pediu ao Ministério Público Federal que proceda investigações. "Trata-se de uma informação gravíssima, que precisa ser apurada", disse, ressaltando que o caixa 2 caracteriza crime tributário e eleitoral.

Daí vem outro deputado e sugere que, para acabar com caixa 2, é preciso instituir no país o financiamento público de campanha. O que significa que dinheiro dos contribuintes será transferido para os partidos políticos que, por sua vez, pagam as despesas de campanha de seus respectivos candidatos.

No fundo, a sugestão é redundante: não é o dinheiro dos contribuintes que paga a multidão de "assessores" (fantasmas, muitos deles) que os deputados contratam sem limites? E para que servem, de modo geral, tais assessores se não para trabalhar como cabos eleitorais? Isso já não é financiamento público de campanha?

Olho vivo

Uma vaga 1

O Paraná perde uma vaga do Superior Tribunal de Justiça com a aposentadoria da guarapuavana Denise Arruda. Nomeada pelo presidente Lula em 2003, após atuar como juíza e desembargadora do TJ paranaense de 1963 a 2002, a ministra foi a quarta mulher a chegar ao STJ. E também a primeira paranaense. Mas o STJ já está procurando quem queira substituí-la. Será outro paranaense?

Uma vaga 2

As inscrições estão abertas. Desembargadores do TJ receberam ontem o aviso do presidente Carlos Hoffmann juntamente com um formulário a ser preenchido pelos interessados. O formulário – como diz o nome – não passa de formalidade, porque a escolha de ministros dos tribunais superiores obedece geralmente a critérios políticos. É aí que entra o trabalho das tais "forças vivas" da sociedade araucariana.

Forças vivas 1

Por falar em tribunais superiores, "forças vivas" do Paraná foram ter com o vice-presidente da República, ontem, em Brasília. José Alencar, no lugar do viajante Lula, recebeu o governador Orlando Pessuti, que foi lhe pedir ajuda para que o Paraná seja sede de uma região do Tribunal Regional Federal. Hoje Paraná e Santa Catarina estão subordinados ao TRF da 4.ª Região, instalado em Porto Alegre. Pessuti se fez acompanhar de três deputados Rodrigo Rocha Loures, Edson Praczyk e Jocelito Canto.

Forças vivas 2

O vice-presidente não teve dúvidas: na frente de todos, ligou para o presidente da Câmara, deputado Michel Temer, e lhe pediu que incluísse logo em pauta a votação de emenda constitucional que prevê a criação de TRFs em vários estados, incluindo o Paraná. Aproveitando a deixa, Pessuti pediu também a colaboração política de Alencar para que o Senado aprove rápido o projeto do senador Osmar Dias que elimina a multa que o estado paga por inadimplência quanto aos títulos públicos envolvidos na privatização do Banestado e em poder do Itaú.

Forças vivas 3

Nos últimos sete anos, esta foi uma das poucas vezes em que um governador procura autoridades federais com reivindicações importantes para o estado. A anterior aconteceu em 2007, quando o ex-governador Roberto Requião reuniu uma caravana de deputados para exigir o cancelamento da dívida e da multa. Saiu xingando e nada conseguiu.

Sem banco

O presidente da Sanepar, Stênio Jacob, desconhece ter sido indicado por Requião para uma diretoria do BRDE. Logo, segundo ele, ao contrário do que informou ontem esta coluna, não houve veto do Banco Central para que assumisse a nova função. Em nota, Stenio confirma, porém, ter sido multado em R$ 200 mil pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM) por transgressão à Lei das Sociedades Anônimas – fato que teria gerado o suposto veto –, mas esclarece que ainda cabe recurso contra a punição.

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