Encontre matérias e conteúdos da Gazeta do Povo
Celso Nascimento

A pesquisa e o “modus in rebus”

Se a eleição fosse hoje e se Beto Richa estiver entre os candidatos, entre 63% e 65% dos curitibanos votariam nele para governador do estado, segundo pesquisa do Ibope feita na semana passada por encomenda da rádio Band News. Os outros possíveis competidores relacionados (Osmar Dias, Alvaro Dias, Gleisi Hoffmann e Orlando Pessuti) amargariam porcentuais ridiculamente abaixo de 15 pontos.

Foi o bastante para que o PSDB promovesse foguetório semelhante aos que marcavam o avanço de Richa em sua caminhada para a reeleição, no ano passado. O último deles aconteceu no dia 5 de outubro, quando as urnas registraram que 77% dos curitibanos, conforme previam as pesquisas, optaram pela sua permanência no cargo.

A causa do festejo tucano foi a interpretação que extraiu da sondagem Ibope/Band News: apesar do bombardeio crítico a que o prefeito foi submetido nos últimos 30 dias (completados exatamente hoje) sua imagem não teria sofrido prejuízos entre os curitibanos. Mantém entre eles prestígio equivalente a 1 milhão de votos – uma fornada tranquilizadora para quem, agora, precisa dedicar-se ao interior para consolidar o favoritismo em nível estadual.

"Modus in rebus", moderação nas coisas, diriam os velhos rábulas quando queriam parecer eruditos e capazes até de fazer citações latinas. Modus in rebus: se Richa fez 77% dos votos em 2008 e agora, nessa pesquisa, ele aparece com um máximo de 65%, não seria razoável imaginar que uma ponderável fatia dos que votaram nele não votariam mais? Não seria razoável imaginar também que esta queda possa representar uma perigosa tendência descendente?

Sim, é razoável imaginar tudo isso. Mas também é razoável imaginar que a eleição do ano que vem será para cargo diferente e que isso tem algum peso. Se 77% queriam Richa prefeito em 2008, não necessariamente o mesmo índice de eleitores gostaria de colocá-lo no governo em 2010.

De qualquer maneira, os resultados que obteve não deixam de ser exuberantes, pois os adversários com os quais o Ibope o comparou são conhecidos e prestigiados políticos paranaenses. Observe-se, porém, que nenhum deles (com a leve exceção da petista Gleisi Hoffmann, que não fala em ser candidata ao governo) tem ligação forte ou tradicional com o eleitorado curitibano. Assim como Pilatos entrou no Credo, entrou nessa pesquisa também até um ex-prefeito de Gua­rapuava, Victor Hugo Burko.

Assim, muito embora os cenários sobre os quais os entrevistados do Ibope/BandNews opinaram acabem por desmerecer o alto índice obtido por Beto Richa, ficou claro e inquestionável o potencial eleitoral do prefeito e que pode, sim, irradiar-se com a mesma força para o interior do estado.

O que serve para que se agilizem os que não querem que ele ganhe a eleição – ou melhor, os que disputam com ele a preferência dos paranaenses. Osmar Dias, por exemplo, que ainda hesita em dar demonstrações públicas de que aceita casar-se com o PT, tendo por cupido e padrinho o próprio presidente Lula.

Principais Manchetes

Receba nossas notícias NO CELULAR

WhatsappTelegram

WHATSAPP: As regras de privacidade dos grupos são definidas pelo WhatsApp. Ao entrar, seu número pode ser visto por outros integrantes do grupo.